terça-feira, 28 de outubro de 2008

As impressões de Tetê Espíndola

Nessa época eu era muito amiga da Mônica Araripe, mulher dele. Estávamos sempre juntas e quando ia na casa dela encontrava o Tiago. Lembro que a arte da capa me impressionou, aquela viagem sideral... Pra mim ele sempre foi muito misterioso, charmoso e sua voz com aquele sotaque diferente. Lembro que esse LP na época foi um acontecimento, fazia parte da vanguarda que pairava no Lira Paulistana. O som muito bem produzido com colagens me trazia a lembrança dos Beatles e Janis Joplin. Na época essas colagens era o que ligava o trabalho dele ao meu Pássaros na Garganta. Tinha um cheiro de novo, de esperança. Foi muito bom escutar a minha voz bem mixada nesse trabalho. Esse som tão contemporâneo pros dias de hoje ainda me faz arrepiar.

Tetê Espíndola

(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tiago Araripe, por Tom Zé

Foto: Luana Botelho

Uma arte cuja força sai diretamente dos nervos e persegue a exatidão com obsessiva raiva; transplante em que o dente fica no lugar da flor; ranhura no diamante; se quiser coisa que tal, bipe Tiago Araripe.


Tom Zé


O texto acima foi gentilmente escrito para a divulgação do CD Cabelos de Sansão, a pedido da produção da Saravá Discos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Com a palavra, José Luiz Penna

Eram anos difíceis, aqueles primeiros dos anos setenta. Ditadura braba. Tinha passado uma temporada repensando a vida. O Hair tinha exaurido o prazer de fazer teatro, e o retorno à música era cada dia mais vital pra mim. Foi quando chegou em casa Tiago Araripe vindo do Crato, via Recife. Devo a ele meu retorno às lides musicais. Aprendi com ele, e ainda aprendo, o prazer pelo lado criativo da vida, através das suas canções e da sua generosidade. Reouvir Tiago é estar mais perto da beleza.

José Luiz Penna

Penna, hoje presidente nacional do Partido Verde, é parceiro musical na faixa Quando a pororoca pegar fogo e formou comigo, Paulo Costa, Xico Carlos, Beto Carrera e Bill Soares o grupo transnordestino Papa Poluição (foto ao lado).

A pedido da produção da Saravá Discos, gentilmente escreveu o texto acima para divulgação de
Cabelos de Sansão.

(T.A.)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Cabelos de Sansão, por Nelson Augusto









Foto: Clarissa Araripe

Nelson Augusto em O Disco da Semana, da Rádio Universitária FM

Tiago Araripe lança Cabelos de Sansão em CD

Na Lira Paulistana, movimento lítero-musical que revelou para a Música Popular Brasileira estrelas do quilate de Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Arrigo Barnabé e o Grupo Rumo, só para citar algumas, também brilhou o cearense do Crato, Tiago Araripe.

Idealizado primeiramente como teatro no final da década de 70, o Lira Paulistana transformou-se em gravadora, editora, produtora, loja de discos e livros e divulgou também durante os anos 80 os trabalhos de artistas da então chamada Vanguarda Paulista.

Dessa troupe participavam, entre outros o Grupo Rumo, Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia, Premeditando o Breque (Premê), Língua de Trapo, Ná Ozzetti, Susana Salles, Eliete Negreiros, Vânia Bastos, Tetê Espíndola, além do próprio Arrigo Barnabé e Banda Sabor de Veneno, os quais fizeram seus primeiros shows em Sampa, no então Teatro Lira Paulistana.

O álbum Cabelos de Sansão foi lançado em 1982 pelo selo Lira Paulistana, que já havia disponibilizado o então elepê de estréia do Nego Dito Beleléu, Itamar Assumpção. No disco Cabelos de Sansão, Tiago Araripe contou com o auxílio luxuoso de mais de trinta artistas da música como Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Vânia Bastos, Turcão, Passoca, Dino Vicente (teclados), Mané Silveira (sax), Cláudio Faria (trumpete), Oswaldinho do Acordeon, entre outros.

Acompanho o trabalho dos cantores, compositores e músicos cearenses desde minha adolescência. Se fosse eleger os três discos mais emblemáticos dessa geração que se lançou, escolheria o álbum Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem, o qual ficou conhecido como o Pessoal do Ceará de Rodger Rogério, o Alucinação de Belchior, ambos da década de 70, e o Cabelos de Sansão de 1982 do Tiago Araripe.

O LP Pessoal do Ceará com sua capa antológica trazendo uma foto do artesanato de renda de bilro e no encarte fotos, textos sobre os artistas da música envolvidos no projeto e as letras de todas as canções. Já o Alucinação, com suas mensagens contestatórias, estampava em suas artes gráficas internas uma nota de dólar com mensagens criativas sobre o tema. O álbum Cabelos de Sansão, a partir da lendária capa, mostrando uma foto de Tiago Araripe montado num leão numa colagem com uma imagem do espaço sideral, também no encarte e na contracapa revelava criação artística revolucionária para os lançamentos da época.

Esses três discos até hoje, na minha concepção, soam atualíssimos pois trazem uma proposta inovadora tanto de música, quanto das mensagens das letras e suas artes gráficas. E nesse último item, vale salientar que os recursos gráficos da época eram muito precários no que se refere às modernas técnicas dos computadores de hoje. Creio que, se fossem disponibilizados hoje, causariam o mesmo impacto da época do lançamento original.

Nelson Augusto
www.nelsons.com.br

Com o texto acima, o radialista Nelson Augusto abriu a noite de lançamento de Cabelos de Sansão em Fortaleza, no dia 22 de setembro de 2008.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Com a palavra, o produtor do vinil de Cabelos...

Wilson Souto Junior, em foto para a contracapa de Cabelos de Sansão.

“Os criminosos sempre voltam ao local do crime” (Tiago Araripe em Cine Cassino).

Quando eu soube da vontade de a Saravá Discos reeditar o LP Cabelos de Sansão em CD, do muito querido Tiago Araripe, depois de longos 26 anos, logo a melodia-refrão desta canção me veio à memória...

Veio também a imagem do Itamar, o Assumpção, entrando no camarim-escritório do Lira Paulistana, dizendo : "Já sei quem será o segundo lançamento do selo, já sei ... vocês têm que escutar o trabalho do Tiago... você tem que produzir o Tiago Araripe". E como era de costume do Negão, não parou mais, até que marquei um encontro com o Tiago e conheci seu trabalho. Impressionou-me. Eram músicas e letras muito próprias, sem tempo ou espaço definido; rock e poesia concreta, do agreste e urbana. Um lindo desafio...

Daí para o estúdio, foi um tempo curto, ajudado pelos músicos que participaram do trabalho e nada cobraram... as despesas de estúdio, capas , fábricas... Bem, essas, nossas boas bilheterias no teatro cobriram.

Adoro o resultado da produção, sua ousadia e modernidade, a voz doce do Araripe e sua suavidade espacial.

A decisão de passar Cabelos de Sansão ao Zeca Baleiro para reeditá-lo pelo seu selo, tendo eu mesmo uma gravadora ativa - Atração Fonográfica -, veio no momento em que vi seu carinho por esse trabalho, como se em sua companhia, depois de tantas estradas que passei, voltasse com emoção ao local do crime .

P.S.: Tiago, continuo com saudade de te ouvir cantar.

Wilson Souto Junior

(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)

Outras vozes: Vânia Bastos

Tiago Araripe é um compositor muito especial e além de tudo tem uma voz linda. Um jeito todo próprio e belo de "dizer" através de sons. Pra mim foi uma honra ter participado do coro de Cabelos de Sansão, pois na época estávamos todos naquela efervescência em torno do Lira Paulistana, de onde muita música NOVA brotou. Que bom que você está de volta, Tiago, pelas mãos do grande Zeca Baleiro. Dois grandes rapazes.

Vânia Bastos

(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)

domingo, 5 de outubro de 2008

Tiago Araripe, por Augusto de Campos


Quando o vi cantar Little Wing de Jimi Hendrix, fiz uma versão para ele.


Com sua voz melodiosa, de registro alto, a composição “voou” numa interpretação única, inesquecível, porque não tributária de nada, homenagem criativa ao grande guitarrista americano: Asa Linda. Já era ele próprio compositor de méritos e intérprete ousado de textos raros de Décio Pignatari, Drácula, e Teu Coração Bate, o Meu Apanha.


No LP Cabelos de Sansão, dos tempos heróicos do Lira Paulistana, ele mostra a versatilidade das suas músicas e interpretações com o apoio do grupo instrumental Sexo dos Anjos, cujos arranjos e intervenções inventivas conjugam-se à voz de Tiago para fazer do disco uma preciosidade. Fico feliz de poder reouvi-lo agora, finalmente, em CD. Há de ser uma bem-vinda surpresa para os que não chegaram a conhecê-lo. E que Tiago volte com novas surpresas.


Augusto de Campos


(O texto acima foi gentilmente escrito por Augusto de Campos para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cabelos de Sansão na Rádio UOL

Hoje é pouco papo e muito som.

Esta postagem procura reverter o nome de um velho show do Papa Poluição, na segunda metade dos anos 70: Mamãe Rádio não toca meu disco.

Mesmo que a mãe, no caso, seja virtual.

Som na caixa, maestro.

Tiago Araripe

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Cabelos de Sansão na Gazeta, de Vitória/ES

Cabelos de Sansão
Sarava Discos 10 faixas
Quanto: R$ 25, em média

Esta é a reedição do clássico disco do músico cearense Tiago Araripe, 26 anos depois de seu lançamento original (o álbum é de 1982). É um álbum que retrata uma fase solo e mais experimental de Araripe. São dez faixas que misturam a herança do tropicalismo com tradições populares e experimentalismos.

Gazeta On-line, 21/08/2008

Cabelos de Sansão no Diário do Pará

Foto (Lançamento de Cabelos de Sansão em Fortaleza): Genilson de Lima

Texto publicado na coluna Feira do Som, de Edgar Augusto:

Conhecemos o disco Os Cabelos de Sansão, do cearense Tiago Araripe, ainda em forma de LP, no ano de 1982. Era um trabalho curioso, a começar da capa. Nela, um cabeludo magro e nu da cintura pra cima aparecia montado num leão. Tudo a ver com o vanguardismo então proposto pelo selo Lira Paulistana, no qual também se enleiravam Augusto de Campos, Tom Zé, Itamar Assunção, Tetê Espindola, Vânia Bastos e até Tony Osanah, dos Beat Boys. Araripe teve, infelizmente, uma carreira curta. Hoje trabalha em Fortaleza, está meio careca e usa óculos. Mas ficou feliz à beça quando soube que Zeca Baleiro, seu fã, queria relançar aquele velho projeto através do selo Saravá – que criou especialmente para resgatar obras importantes e pouco divulgadas do pop nordestino. Os herdeiros da Continental parecem não ter chiado e Os Cabelos de Sansão acaba de voltar ao mercado mostrando um cantor de voz aguda e macia, mas ao mesmo tempo sob intenso clima de sarcasmo, fazendo parcerias com Augusto de Campos (Little Wing, versão da composição de Jimi Hendrix), Jorge Alfredo (Coração Cometa) e José Luis Penna (Quando a Pororoca Pegar Fogo). Também, na marra, colando trechos originais de Strawberry Fields Forever (dos Beatles) em Cine Cassino, e dispondo da farpante guitarra de Luis Brasil em Cabelos de Sansão. Ouçam as faixas pela Feira do Som. Notarão que Araripe passou despercebido de forma injusta. Ele era bom.

Diário do Pará, Caderno D (27.08.2008)