terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Entre os 10 mais da Zero Hora (RS)

Olhaí, Cabelos de Sansão na boa companhia de discos de talentos como Carlos Lyra, João Donato, Marcos Vale, Roberto Menescal, Jards Macalé, Luiz Melodia, Joyce e Milton Nacimento.

A boa nova vem de Porto Alegre, uma das capitais brasileiras (juntamente com Fortaleza) que melhor acolheram o vinil Cabelos de Sansão, quando este foi lançado em 1982 pelo selo Lira Paulistana.

Mais detalhes aqui.

Saravá, Porto Alegre!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Jurado no Juqueri

Outro dia recebi o livro Poemas Arcanos, do meu amigo Assis Lima. Cratense da mesma forma que eu, Assis mora em São Paulo de onde mantém consistente produção cultural que abrange literatura, música e teatro, passando tembém pelo cinema e a pesquisa de cultura.

Com o escritor cearense Ronaldo Brito e o músico pernambucano Antônio Madureira, produziu uma série de discos pelo antigo selo Eldorado, que oferecem às crianças alternativa original à música de massa que em muitos momentos mesmeriza a imaginação infantil e ameaça a paciência dos pais.

Discos como o Baile do Menino Deus, que retomam as tradições culturais nordestinas mostrando uma perspectiva brasileira do Natal, continuam sendo vendidos até hoje - e a peça teatral correspondente é encenada todos os anos em capitais nordestinas. (Outro dia entrei numa loja de discos do Recife e estava tocando o CD do Baile...).

Mas o que isso tem a ver com o Hospital Psiquiátrico Juqueri da foto, segundo a Wikipídia "uma das mais antigas e maiores colônias psiquiátricas do Brasil, localizada em Franco da Rocha", município do estado de São Paulo?

Primeiro, porque o Juqueri também é cultura - basta ver a vasta produção artística de internos da instituição. Um deles, eu soube na época, causou impressão tão forte em Salvador Dali que este o convidou para um período na Espanha.

Depois porque Assis Lima é também psiquiatra e, durante sete anos, trabalhou no setor de perícia daquele antigo Manicômico Judiciário - hoje denominado Hospital de Custódia e Tratamento André Teixeira Lima. E no livro Poemas Arcanos, um dos poemas se chama justamente Juqueri.

Em algum dia de 1981, recebo um convite surpreendente de Assis: queria que eu fosse jurado de um festival de música dos internos do manicômio. O evento foi organizado pelas duas profissionais que hoje dirigem, cada uma, as duas unidades que restaram daquela instituição.

Pois bem. No dia marcado fazia uma bela manhã de sol, o que me animou a conhecer de perto o famoso Juqueri. Lembro-me vagamente de ter tomado um trem até Franco da Rocha.

Ao chegar ao Manicômico, Assis me fez uma rápida apresentação do Hospital. Fiquei impressionado com o ambiente de trabalho dele: um consultório que seria como outro qualquer, não fossem as grossas grades nas janelas e porta.

Vi também alguns quadros pintados pelos internos - muitos deles de surpreendente beleza.

Em seguida nos dirigimos a uma espécie de quadra, onde todos já estavam a postos para o início do festival. Uma a uma, foram apresentadas as músicas concorrentes ao primeiro prêmio. Os músicos também eram internos. Lembro que me chamaram a atenção o guitarrista sem um dente sequer na boca, e a música que cantou - que, de certa forma, descrevia os motivos que o levaram a perder a sanidade mental, abandonado pela mulher.

Depois aconteceu algo que não estava no script. Enquanto se procedia à apuração dos votos, a comissão organizadora solicitou a alguns jurados - inclusive a mim - que cantasse para aquele inusitado público. Entre eles estavam nomes como Renato Teixeira e Venâncio (da dupla Venâncio e Corumba), que prontamente atenderam ao pedido da organização.

Quando chegou a minha vez, estava acontecendo uma daquelas célebres viradas de tempo que tanto caracterizam São Paulo. O sol radiante se fôra, e começava a esfriar para valer. Eu tremia, pois vestia apenas uma camiseta leve. Fui socorrido por Assis, que mandou buscar no almoxarifado uma espécie de blazer preto que todos os internos usavam.

Subi ao palco com aquela indumentária, o que me fez ser muito aplaudido. Para todos os efeitos, eu agora era um deles!

Uma das canções que cantei foi Coração Cometa, parceria com Jorge Alfredo que abre o disco Cabelos de Sansão. Querendo melhor suprir a memória a respeito das razões daquele festival, escrevi a Assis e, entre outras coisas, ele me respondeu:

"...não estou bem certo da motivação específica do festival. Acredito que era pelo momento de renovação de mentalidade e de humanização, veiculada pelo juiz Laércio Talli, que liberou centenas de internos que estavam confinados há mais de 20 anos, por pretensa periculosidade superior à de doentes mentais comuns. Ele contrariou os pareceres dos velhos colegas que faziam uma escola muito conservadora lá. Fique fã desse juiz. Um detalhe eu lembro: da cara de felicidade que ele fez quando tu começaste a cantar aquela tua música (faixa 1 do teu CD, se não me engano): Coloquei o meu ouvido bem colado rente ao chão/pra escutar na terra o cantar da natureza... Desculpe se me atrapalhei nas palavras da letra, pois gosto bastante do Coração Cometa".

Depois da apresentação, uma interna segurou meu braço e disse com visível alegria: "Agora você não sai mais daqui". Outros vieram, animados com o fato de eu ter longos cabelos, ser músico e estar vestindo o uninorme deles, me confidenciar suas dores ou mesmo pedir "um fuminho".

Dizem que de perto ninguém é normal. Mas ao conviver por aqueles breves momentos com os internos do Manicômio do Juqueri, vi que eram mais normais do que muita gente...

Tiago Araripe

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Asas lindas de Little Wing - Escolha a sua

Cinco versões de Little Wing. Com o autor Jimi Hendrix...



... The Coors...



... Eric Clapton e Sheryl Crow...



... Sting...



... e Stanley Jordan em Madrid. (Aqui vale um parênteses. Recentemente fui ver o guitarrista no Teatro Santa Isabel do Recife. Stanley Jordan entra em cena sozinho e abre a noite disparando uma belíssima interpretação de Little Wing. Emocionante.)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Cenas de um lançamento - Recife

Imagens do lançamento de Cabelos de Sansão no Recife, tendo como cenário o shopping Sítio da Trindade, onde fica a loja Passa Disco.

Espaço a céu aberto, a iluminação natalina fazendo contraponto à noite estrelada.

No acompanhamento musical, o violonista pernambucano Leonardo César.

As boas surpresas ficaram por conta das presenças forrozeiras de artistas como Santanna o Cantador e Dudu do Acordeon (foto acima).



E dia 4 de janeiro estarei no Cariri, onde tenho espaço marcado no Sesc Crato.





Saudações nordestinas.

Tiago Araripe

domingo, 7 de dezembro de 2008

No meu Cariri

Arte: Marcelo Barreto

De volta ao começo. Mais uma vez.

No próximo dia 4 de janeiro, o cenário do lançamento de Cabelos de Sansão não poderia ser mais acolhedor: a cidade cearense do Crato, no sopé da Chapada do Araripe. A região é o Cariri, reconhecido pólo cultural que abrange desde a tradição popular de Patativa do Assaré, bandas cabaçais, reisados, cocos, maneiro-pau, penitentes, ceramistas, xilógrafos até a sofisticação de trabalhos como o do artista plástico Sérvulo Esmeraldo, do cineasta Hermano Penna, . Sem falar numa surpreendente escola de comunicação para crianças e jovens em pleno sertão de Nova Olinda: a Fundação Casa Grande.

Dia 4 de janeiro, 20h, Sesc Crato, Rua André Cartaxo, 483, Centro do Crato.

Espero encontrar você.

Tiago Araripe

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Poesia cantada

O poeta e parceiro musical Ricardo Alcântara realiza, neste domingo em Fortaleza, show de lançamento do seu CD Canções do Eterno Agora.

Na ficha técnica, os intérpretes Amelinha, Téti, David Duarte, Lúcio Ricardo, Edmar Gonçalves, Calé Alencar e Marcos Lessa.

A poesia cantada de Ricardo Alcântara é burilada e precisa, para ser degustada agora e sempre.

Tiago Araripe