segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Paredes da memória

DISCOS

Música e memória

Diário do Nordeste, 12/9/2010

Mesmo em tempos de Internet e MP3 facilitando o acesso à música, muitos discos do passado jamais chegaram às novas gerações

No início dos anos 90, a popularização do CD praticamente sepultou as mídias anteriormente utilizadas para a música, como as fita de rolo e cassete e os discos de vinil e de cera. Estes ficaram relegados aos ouvidos dos privilegiados que ainda insistem em escutar música em antigos gravadores, picapes ou gramofones. Com essa realidade, muitas composições de artistas do passado que foram gravadas nas mídias citadas, e com o registro analógico, jamais chegaram sequer ao CD e seguem inacessíveis às novas gerações, em plena era da informação.

No que se refere aos discos que foram lançados por gravadoras e que já chegaram ao CD, algumas iniciativas isoladas merecem ser citadas, como as implementadas por Charles Gavin, músico da banda Titãs que também mantem um programa de TV no Canal Brasil - "O Som do Vinil" - e Marcelo Fróes, jornalista e escritor que pesquisou e relançou arquivos de artistas da MPB, da Jovem Guarda e do rock, como Renato Russo. E mais recentemente trabalha também no ramo para o Selo Discobertas. Ao lado de Guto Graça Mello, Fróes produz para um lançamento previsto para dezembro próximo um box intitulado "Pra Sempre", com a obra de Roberto Carlos, trazendo músicas dos discos de 78 rotações registradas entre 1960 e 1962, além do disputado LP "Louco por você", inédito oficialmente em CD, álbum renegado pelo próprio Rei.

Memória no Ceará

Os artistas da música do Ceará desde a Era de Ouro da MPB, como Gilberto Milfont, Catulo de Paula e o grupo 4 Ases e 1 Coringa, jamais tiveram oficialmente seus discos lançados em CD. Já outros do porte dos Índios Tabajaras tiveram duas coletâneas lançadas pelo Selo Revivendo. Parte da obra do compositor Lauro Maia foi disponibilizada para o público através de iniciativa do músico e produtor Calé Alencar e do Arquivo Nirez, inicialmente num vinil duplo em 1993 e depois, já em CD, em 1998, incluindo novas gravações da obra de Lauro.

Ainda sob a batuta de Calé Alencar, duas outras edições importantes para a cultura do Ceará foram recuperadas do vinil para o CD. Em 1996, o então LP coletivo "Terra da Luz", lançado originalmente na década de 60 e que reuniu, entre outros, Evaldo Gouveia, Vocalistas Tropicais e Mário Alves Também de 1996 é o álbum "Filgueiras Lima - Poesia", na voz do próprio autor e que tem a flauta do francês Pierre Chabloz, estimulador maior da obra do artista plástico cearense Chico da Silva.

Ainda no catálogo idealizado por Calé está a série "Coleção da Memória do Povo Cearense", com os discos atualmente composta dos discos: "Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto" (1998), "Cego Oliveira" (1999), em parceria com Rosemberg Cariry, "Patativa do Assaré" (2000), "Penitentes de Barbalha" (2000), "Maracatus e Batuques"
(2001), "Caixa Patativa" (CD duplo de 2004), "Viva Patativa" (2005) e "Vocalistas Tropicais" (2006).

Outro grande destaque, já na cena nacional, foi o lançamento também em CD do disco "Cabelos de Sansão", do cantor e compositor cearense Tiago Araripe, gravado em 1982, em São Paulo, e reeditado em 2008 pelo selo "Saravá", do maranhense Zeca Baleiro.

Discos esperam por relançamento

Grupo que está presente na cena lítero-musical cearense desde 1974, o Quinteto Agreste ainda não tem sua obra completa oficialmente disponível digitalizada. Apenas com um CD lançado, o álbum "Caminhando sempre", de 2005, os integrantes do grupo gravaram, ainda nos tempos do vinil, um compacto-simples, em 1980, e os LPs "Sol maior" (1982) e "Pássaro de Luz" (1986). Todos permanecem inéditos em CD.

Sobre as dificuldades para esses discos serem relançados oficialmente, os integrantes atuais do Quinteto Agreste, grupo que se tornou bastante popular no Ceará nas décadas de 70 e 80 por apresentações em espaços como o Projeto Luiz Assunção (de shows itinerantes por Fortaleza) e o antigo Teatro da Emcetur, e ainda em shows pelo Interior do Estado, afirmam que faltam editais de apoio e projetos específicos para permitam esse tipo de ação. "Contamos com patrocínio para lançar os discos de forma alternativa, nos anos 80", recorda o cantor e compositor Arlindo Araújo.

O rock do Peso

Uma banda de blues/rock bastante emblemática no cenário nacional na primeira metade da década de 70 foi O Peso, que tinha como vocalista e compositor Luiz Carlos Porto. O grupo também contava com Gabriel O´Meara (guitarra), Carlinhos Scart (baixo), Constant Papineanu (piano) e Geraldo D´Arbilly (bateria). O único LP da banda em sua formação original de 1975, o álbum "Em busca do tempo perdido", até pouco tempo era relíquia de colecionadores, disputado num preço exorbitante por quem se interessasse, em sebos. O CD foi lançado em 2009 selo especializado em relançamentos, o Museu do Disco, parceria do colecionador Valmir Zuzzi. Trata-se de mais um exemplo da necessidade de mais registros para a preservação da memória da produção musical cearense.

NELSON AUGUSTO
REPÓRTER

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Jacinto Silva no programa Biotônico, da Rádio UOL

A edição nº 11 do programa Biotônico, tocado por Zeca Baleiro, Celso Borges e Otávio Rodrigues, já está no ar pela Rádio UOL. E traz três faixas do CD Jacinto Silva. No coração da gente.

Confira abaixo a programação completa. E para ouvir, clique aqui.


07/09/2010 - Biotônico - nº 11


Bem coisa nossa, esta edição do programa traz interferências telefônicas de Celso Borges e um bate-papo cabeça com o poeta e escritor Bráulio Tavares.

1) (3:48) “Aquela Rosa” (Jacinto Silva) – Margareth Menezes
2) (5:28) “Justiça Divina” (Onildo Almeida) – Tiago Araripe
3) (7:24) “Coco do Gago” (Jacinto Silva) – Tom Zé

INVASÃO – primeira dose (9:02)
Desta vez, papo no estúdio com o poeta, escritor e letrista Bráulio Tavares, que começa falando de seu trabalho como roteirista dos Trapalhões.
4) (13:46) Marco Marciano (Lenine e Bráulio Tavares) - Lenine

JINGLE ANTIGO
5) (16:46) Nugget

É O CARA (17:19)
Nova seção faz foco em fabulosos personagens da música popular brasileira e também do Estrangeiro. Na estreia, agora sem acento, uma breve digressão sobre o venerando cantor Alcides Gerardi.
6) (17:59) “Cabecinha no Ombro” (Paulo Borges) – Alcides Gerardi

INVASÃO – segunda dose (20:00)
Bráulio Tavares fala da parceria com Chico César...
7) (22:16) “Teofania” (Chico César e Bráulio Tavares) - Chico César
...então comenta a música que fez pra Elba e...
8) (27:22) “Caldeirão dos Mitos” (Bráulio Tavares) – Elba Ramalho
...finalmente dá uma filosofada sobre contatos com civilizações intergalácticas.
9) (31:23) O Dia em Que Faremos Contato (Lenine e Bráulio Tavares) – Lenine

VITROLA (34:15)
O álbum Paulo Sérgio Volume 4, emblemático cantor que começou imitando Roberto Carlos e terminou cantando em circos.
10) (35:44) “Não Creio em Mais Nada” (Totó) – Paulo Sérgio

SEBO DO CB (37:13)
Uma saudação à airosa cidade de São Luís, capital do Maranhão, que agora em setembro completa 398 anos.
11) (38:16) “Louvação a São Luís” (Bandeira Tribuzzi) + “Em Silêncio Descobri Essa Cidade no Mapa” (Herberto Hélder) – leitura Celso Borges

BGs
“No Politician” (Rico Rodriguez) - Rico Rodriguez
“Caboclinho” (Hermeto Pascoal) - Robertinho do Recife
“Chop and Quench” (Fela Kuti) - Fela Kuti

B I O T Ô N I C O
FARMACÊUTICOS RESPONSÁVEIS
Celso Borges, Otávio Rodrigues e Zeca Baleiro
QUÍMICO
Leonardo Shina
FALE COM NOSSO LABORATÓRIO
radiobiotonico@uol.com.br

segunda-feira, 14 de junho de 2010

"No coração da gente" no contexto dos lançamentos de forró e São João

Tradição do forró é com eles

Os forrozeiros João Silva, Luizinho Calixto, Alcymar Monteiro e Maciel Melo lançam novos disco para enfrentar a onda da fuleiragem music

José Teles
teles@jc.com.br


O forró autêntico hoje luta taco a taco contra as bandas de fuleiragem music e saem ganhando porque continuam lançando discos, a maioria de boa qualidade. É o caso de Maciel Melo, um talento inegável, que este ano vem de Debaixo do meu chapéu, um dos melhores lançamentos desta safra. Renovador do forró nos anos 90, Maciel continua inovando sutilmente.

Debaixo do meu chapéu começa com Quixadá, um maxixe (em parceria com José Viana), e termina com uma valsa, Sanfona dourada (parceria póstuma com Luiz Gonzaga, para um projeto do baiano Gereba). Entre uma e outra ele vai de xote, baião, arrasta-pé, presta homenagens ao forró clássico, com um pot-pourri em que canta Assisão (Esquenta moreninha), Gonzaga/Zé Dantas (Noites brasileiras), e Onildo Almeida (Aproveita gente). Ele também inicia uma parceria com Geraldo Azevedo, com Duas caravelas, e canta um xote meio esquecido de Gilberto Gil, Chororô. Disco para ser ouvido ou dançado o ano inteiro. Vale lembrar que apesar de ter sua origem “debaixo do barro do chão”, com o canta Gilberto Gil, Maciel Melo não dispensa instrumentos plugados na tomada, e em busca de uma diferenciação de sonoridades, dois mestres da sanfona revezam-se no disco, Genaro e Adelson Viana.

O arcoverdense João Silva está entre os compositores clássicos do forró. Assim como Maciel Melo, conhece bem o idioma para não se limitar a xote românticos. Nação forrozeira é um baião daqueles que dá vontade de poder escutá-lo com Luiz Gonzaga. Mas João Silva canta bem, com um fraseado certeiro, e um timbre agreste. Acompanhado por alguns dos melhores instrumentistas do gênero, Sertão puro é um disco de forró vintage, com perdão do termo pedante. Mas não há um equivalente para este trabalho, que lembra os grandes álbuns de forró que se gravavam até os anos 60.

Vale ressaltar, que João Silva canta um repertório de composições inéditas, todas de qualidade irretocável, a exemplo, de Bodo Bodocó (pareceria com José Maria Marques), mais outra que Gonzagão pediria para gravar assim que a escutasse, o mesmo para Fique linda e bote cheiro, um xote que lembra menestrel do sol (Humberto Teixeira).

Alcymar Monteiro vem de DVD, e CD, Tradição & tradução (Ingazeira Discos), gravado no Marco Zero, no ano passado. O palco é o seu habitat. Ele traduz a tradição cantando com acompanhamento que tem guitarras, cavaquinho,s percussão de efeito, baixo elétrico, ao lado com os instrumentos tradicionais do forró. Mas este não é apenas um DVD (e CD), de forró. Chega a ser didático, pois o cantor faz uma panorâmica da música nordestina, em geral, e pernambucana em particular. Trazendo para o palco uma trinca de tocadores de oito baixos impecável, Arlindo, Zé e Luizinho Calixto. Outra convidada é Lia, nesta festa que termina com frevo.

Muitos forrozeiros torcem o nariz quando André Rio grava forró. Mas ele faz isso há tanto tempo, que as críticas não tem mais razão de ser. É certo que ele ainda tem cacoetes da época em que animava carnavais fora de época na Avenida Boa Viagem, ao mesmo tempo este período o deixou com um pique ao vivo, que ele não consegue com a mesma energia passar para discos de estúdio. Registro de shows realizados no Brasil e no exterior, em junho do ano passado, Rapsódia nordestina é um disco para alegrar a festa.

O repertório está equilibrado, com músicas autorais e regravações de nomes como Bráulio Tavares, Zé Ramalho, Carlos Pita, Dominguinhos, Nando Cordel e naturalmente Luiz Gonzaga. Um disco que é um convite à dança, coisa que o São João não pede, exige.

A capa do CD Discoteca do Calixto vol.2, pode levar a equívocos: mostra uma sanfona, e um casal dançando o que mais parece um tango lascivo. É a única falha no disco de um dos mestres do fole de oito baixos, Luizinho Calixto, que vem de uma família de tocadores de pé de bode do primeiro time, irmão de Bastinho e de Zé Calixto.

Infelizmente, o luxuoso Jacinto Silva no coração gente, produzido pela Link, um tributo a Jacinto Silva, prestado por, entre outros, Tom Zé, Maciel Melo, Xangai, Josildo Sá é um brinde da empresa, com poucas cópias à venda na Passa Disco. Talvez ainda reste algumas.

Do forró pé de serra às misturas de ritmos

Discos bem produzidos com belas capas ou de produção irregular e capas de design primário. Tem de tudo nos lançamentos que os forrozeiros prepararam para animar o São João 2010

Um pecado capital de grande parte dos discos do chamado forró pé de serra é o péssimo design das capas. São trabalhos lançados no mercado na base do deixa-que-eu-chuto. É o caso do CD Maria Forrozeira, Vol. 1. A capa é péssima, mas o disco é bom, com algumas faixas que se aproximam nas letras das desditadas bandas. Mas o grupo vai além do xote. Arrasta-pé, xaxado, o grupo incursiona por várias facetas do forró, em algumas faixas com balanço irresistível, feito Tililingo, de Almira Castilho. O time de músicos garante a qualidade. Estão no CD a sanfona de Beto Hortiz, a guitarra de João Netto, a percussão de Quartinha, o baixo de Mongol.

Nádia Maia celebra seus 15 anos de forró com um CD bem-acabado, inclusive no design da capa. A maioria das 19 faixas capricha no tema romântico. Nada contra canções de amor, mas acaba cansando. Mesmo com a participação de Dominguinhos, na ótima Algodão doce (Accioly Neto). É emblemático que quase todas as músicas que não insistem no “romantismo” sejam assinada por veteranos: Onildo Almeida (Vamos misturar), João Silva (Nação forrozeira), J. Michiles (Festa fogueteira). Mais um ponto a favor, pelo menos não se ouve xote faixa por faixa, há outros itens da prateleira do forró.


Valdir Santos é um dos destaques da nova geração de forrozeiros de Caruaru. Sua música já alcançou outros países e ele tem feito turnês pela Europa, mas continua pouco conhecido na capital. Seu mais recente disco é o Projeto outra via, no qual o forró se une à poesia de Dja Vasconcelos e Demóstenes Félix. Este é quase um projeto paralelo dos três, algumas faixas estão mais para o que se convencionou chamar de “cantoria”, música de forte apelo sertanejo de Xangai ou Vital Farias. Com exceção de alguns xotes bem balançados, este disco está mais para MPB.

Fátima Marinho vem este ano com Festa junina, um disco feito para a festa, com marchinhas, cocos, xotes, mais inclinado às raízes, ao folclore. No disco há até um pot-pourri de acorda povo. Fátima Marinho está no forró desde 1985, fez um disco bom, que merecia uma produção de estúdio mais apurada

Dois bons CDs dos herdeiros da Mestre Ambrósio

Nos anos 90, a Mestre Ambrósio batizou uma nova vertente do forró, o pé de calçada, com a rabeca unindo-se à sanfona. O grupo durou pouco, mas fez amigos e influenciou pessoas. Dois destes acabam de ser lançados Na caixinha, com o Forró de Cana, e Luz do baião, de Cláudio Rabeca (ambos com patrocínio do Funcultura).
O Forró de Cana faz o link entre o pé de serra, no xote J. Borges, e o cavalo-marinho, em Acende a candeia. Em Carrinho de rolimã, se mostra como estes dois estilos musicais estão tão próximos. Um Mestre Ambrósio mais acelerado.

Integrante do atuante Quarteto Olinda, Cláudio Rabeca vai além do forró, é um virtuoso do instrumento, e fez um disco solo irretocável, passeando pelos diversos ritmos pernambucanos, do samba de matuto, frevo, ao maracatu, (a belíssima Rei Bantu, de Zé Dantas/Gonzagão). A maioria das faixas é assinada por Cláudio Rabeca, algumas com parcerias.

Jornal do Commercio, 12 de junho de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

"No coração da gente" repercute no Ceará

DISCO

Gírias do Nordeste

Diário do Nordeste, 26/5/2010

Os versos ritmados do alagoano Jacinto Silva, nas vozes de vários intérpretes, fazem de "No Coração da Gente" um caloroso e merecido tributo

Alagoano que trocou Palmeira dos Índios pela pernambucana Caruaru, Jacinto Silva (1933-2001) segue como referência para a música feita no Nordeste. Seja como intérprete, com ritmo, divisão e velocidade a la Jackson do Pandeiro, ou como o compositor de clássicos como "Gírias do Norte", "Aquela rosa" e "Coco trocado". Ao longo de quase cinco décadas de carreira fonográfica, amealhou 20 LPs e três CDs - o último deles, "Só não dança quem não quer", lançado em 2001.

Agora, a obra do cantor e compositor ganha um merecido e bem cuidado tributo com "Jacinto Silva - No Coração da Gente", CD produzido pela agência Link Comunicação e Propaganda, com participação direta do cearense Tiago Araripe - tanto na direção geral de produção do disco, quanto em uma das 16 faixas, cada uma delas destinada a uma voz, entre nomes consagrados do cenário nordestino e outros nem tão conhecidos pelo grande público. O autor do LP "Cabelos de Sansão", originalmente lançado em 1982 e recentemente reeditado pelo selo Saravá, de Zeca Baleiro, interpreta "Justiça divina", uma das faixas mais densas do álbum, com o bandolim de Publius em destaque na composição de Onildo Almeida, também de Caruaru, um dos grandes parceiros de Jacinto.

"Garimpar, para este disco, composições representativas do universo sonoro e´ poético de Jacinto Silva é se arriscar a deixar de fora muitas pepitas preciosas. Assumimos conscientemente o risco", destaca Tiago na apresentação do álbum, pontuando que as vertentes do bom-humor, dos valores da nordestinidade, do romantismo e da religiosidade estão presentes nas faixas selecionadas para o projeto, que chama atenção pelo belo projeto gráfico assinado por Marcelo Barreto, a partir de imagens colhidas no caleidoscópio da Feira de Caruaru.

Com uma embalagem tão apropriada, o melhor é que o conteúdo do disco não decepciona. Os arranjos, no geral, valorizam as características tradicionais da musicalidade bem nordestina das composições de Jacinto, mas não deixam de arriscar, aqui e ali, algumas novidades. Como na faixa de abertura, "Aboio de um vaqueiro", em que o saxofone de Spok, da Frevo Orquestra, faz as vezes de um berrante, na faixa que tem guitarra, coro e improviso vocal. Boa abertura para o arrasta-pé contagiante de "Aquela rosa", na voz de Margareth Menezes, e para o "Teste para cantador", momento em que o próprio Jacinto Silva dá as caras no disco, em dueto com o pernambucano Silvério Pessoa, que em 2000 já havia dedicado ao compositor o disco-tributo "Bate o mancá".

A simplicidade de "Minha professora", com o forrozeiro Targino Gondim, chega ritmada a valer. "Isso é Jacinto Silva! Machucado bom danado!", entoa o sanfoneiro, coberto de razão. Contraste com a mais lírica e cadenciada "Cante cantador", com Flávia Wenceslau, na faixa costurada pela viola dinâmica de Hugo Lins. Um diálogo com "É tempo de ciranda", outra de Onildo Almeida, na bela voz de Isaar de França puxando a ciranda estilizada e diferente, no trio guitarra, baixo e bateria, em mais um arranjo de destaque.

Poesia ritmada

Mas a veia do trabalho é mesmo a prosódia, rápida e ritmada, característica da maioria das composições de Jacinto e das faixas de outros autores por ele gravadas. Como "Moleque de rua", de Manoel Alves e Agenor Farias, cuja batida ganha as vozes de Caju e Castanha. Ou "Plantação", de Jacinto e Janduhy Finizola, mais pro xote mas também na batida das sílabas, com Maciel Melo cantando as coisas do homem do campo, "lá pras bandas de Caruaru".

"Filosofia no forró", de Manoel Alves e Tiago Duarte, e o "Coco de praia", de Francisco Azulão e Antônio Ramos, vêm, respectivamente, com Josildo Sá e o grupo Flor de Cactus, e apontam na mesma linha. Também celebrada pelo canto dorido de matizes de Xangai em "Pisa maneiro", de Juvenal Lopes e Dilson Dória, com direito a saudação do menestrel: "Já sinto sempre saudade de tu, Jacinto, o rei da fragmentação rítmica". Pois a tal divisão é exemplificada por Elba Ramalho, se saindo bem em "Gírias do Norte", clássico maior de Jacinto, com arranjo à altura.

Já a versão de Tom Zé para o "Coco do gago" ficou talvez mais comportada do que se poderia esperar do "bardo de Irará". Valeu, porém, o tributo a Jacinto. Com a alegria e as cores da nação nordeste.

CD
"Jacinto Silva - No Coração da Gente"
Jacinto Silva
R$ 37,90
16 faixas
2010
LINK

DALWTON MOURA
REPÓRTER




sexta-feira, 21 de maio de 2010

Novas parcerias no ar

Duas composições em parceria com Ricardo Alcântara, autor das letras, estão no novo CD de Marcos Lessa e Ricardo: Luzazul. O disco tem lançamento hoje e amanhã, em Fortaleza (Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).

Abaixo, reportagem publicada no Diário do Nordeste fala sobre o lançamento:

CD/SHOW

Música e transcendência

21/5/2010

A transcendência é o mote para as canções de "Luzazul", novo CD de Ricardo Alcântara, em parceria com o pianista Sávio Dieb e o cantor Marcos Lessa. O disco tem lançamento em shows hoje e amanhã, no Centro Dragão do Mar

No alto da montanha fui me procurar/ Eu fui em busca de um tesouro/ dentro de mim/ Perdido em algum lugar. Os versos fazem a ponte entre o disco "Canções do Eterno Agora", lançado por Ricardo Alcântara, em 2008, e seu novo trabalho: o CD "Luzazul", compartilhado com o pianista Sávio Dieb, responsável pelos arranjos, e com o cantor Marcos Lessa, que com não mais que 19 anos vem atraindo a atenção de músicos da cena de Fortaleza.

"Altar" é o nome da canção, assinada por Ricardo, Marcos e Francisco Casaverde e presente em ambos os discos. "O Marcos cantava esse música no outro disco. Gravando essa faixa naquela época, a gente pensou: ´Puxa, a gente devia fazer um disco assim´. E assim foi", conta Ricardo. "Essa música foi o protótipo desse novo disco".

Não só pela presença da dupla cuja parceria é robustecida agora com o novo CD. "Altar" também aponta para o norte temático de "Luzazul": o olhar para o próprio ser, a busca pelo conhecimento interior, os componentes espirituais expressos em metáforas como a da montanha, "mirante aberto para um firme olhar, manso farol do tempo sobre o mar".

"Fomos buscando, a partir daí, essas canções. Fazendo músicas dentro dessa linha e buscando melodias", diz Ricardo, que pinçou de Bob Dylan e Mark Knopfler temas originalmente desprovidos de letras e os incorporou ao projeto. "No meu outro disco tem uma letra para uma música do Bob Marley. Acho muito legal fazer isso, porque você parte da melodia. É muito bom botar letra em música, perceber as palavras que estão na música", diz, sobre o processo em que letrou "Wigwam", de Dylan (que abre o disco, sob o título "Sempre aqui") e "Father and son", de Knopfler, originalmente composta para uma trilha de cinema e agora gravada no disco de Ricardo como "Pai e filho".

Outra contribuição com compositores "do mundo" é "Outra vez", letra em português para "Golden days", de Chris Spheeris e Paul Voudouris. "São autores mais do new age, uma coisa que a gente namorou muito nesse disco, com essas vertentes. Do new age, do rock progressivo", reconhece Alcântara, sobre o trabalho em que a intenção dos arranjos de Sávio Dieb fica clara desde o início, sob uma atmosfera sonora convidativa à contemplação. "Se pudesse resumir em uma palavra, a gente quis fazer um disco com transcendência, com espiritualidade", aponta, sem receio das possíveis dificuldades de um trabalho que costuma ser associado a um segmento mais restrito.

"Eu sou uma pessoa que tenho uma prática espiritualista de meditação há 20 anos. O Marcos, que eu conheço desde que nasceu, porque sou padrinho de casamento dos pais dele, nasceu dentro de uma família também nessa tradição. O Sávio é espírita... Quando a gente pensou em fazer um disco a partir disso, pensamos que chegou a hora de falar dessas coisas. Sentimos esse desejo", aponta. "Mas o disco não tem nenhum caráter proselitista, até porque eu não saberia fazer isso. Mesmo quando era garotão, de 18, 19 anos, era comunista e vivia dentro de uma ditadura, nunca fiz música de protesto. Nunca acreditei que a música podia ser um veículo de convencimento de alguém. Nesse aspecto da espiritualidade, então, qualquer tentativa de convencimento de uma pessoa é mais inútil ainda".

Para o compositor, falam mais alto as possibilidades criativas, a partir do tema. "Se eu fizer um bom trabalho, vou fazer um bom trabalho dizendo qualquer coisa. Porque todas as verdades merecem ser ditas. A exigência da arte é que sejam bem ditas", delimita. "Essa resistência que existe a esse tipo de coisa, no meio intelectual e artístico, é uma coisa que eu não ligo pra isso não. Minha adesão à coisa espiritual é sincera demais pra ser negociada".

Parcerias

Alicerçado nessa convicção, Ricardo compôs com Marcos Lessa duas novas canções - "Luz em flor" e "Outro mar", - que se somam à citada "Altar". Mas o disco se destaca pelas parcerias de Alcântara com o também cearense Tiago Araripe, que após a reedição de seu álbum "Cabelos de Sansão", originalmente lançado em 1982 e trazido novamente à luz pelo selo "Saravá", de Zeca Baleiro, vem multiplicando suas iniciativas musicais nos últimos tempos.

"Se sei, não sei" e "Mantra psicografado" contam com participação de Lúcio Ricardo nos vocais, no álbum que tem ainda "Alhambra", de Ricardo e Caio Silvio, e "O que você fez da vida", parceria do poeta com David Duarte. "Essa tinha uma outra cara musical, mais pro blues. Entrou no CD por insistência do Marcos Lessa", destaca Ricardo, só elogios para o jovem parceiro e cantor. "É uma pessoa de um grande caráter e um cantor muito bom, muito promissor".

Para o lançamento, hoje e amanhã no Teatro do Dragão, Ricardo, Marcos e Sávio Dieb prepararam projeções com trechos de filmes consagrados da história do cinema e produções de diretores alternativos. Contarão ainda com as participações de Lúcio Ricardo, nos vocais, e Rodger Rogério, declamando poemas. "Luzazul" ganha o céu dos verdes mares.

CD
"Luzazul"
Ricardo Alcântara, Marcos Lessa e Sávio Dieb
R$ 15,00
10 faixas
2010
Independente

O DISCO tem shows de lançamento hoje e amanhã, sempre às 21 horas, no Teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Além do cantor Marcos Lessa e do pianista Sávio Dieb, os shows contarão com participações de Lúcio Ricardo e Rodger Rogério. Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).

DALWTON MOURA
REPÓRTER

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Encontro na Passadisco

O maestro Spok (à esquerda) junta-se a Silvério Pessoa, Edson Barbosa e Tiago Araripe ao aceitar o desafio proposto pelo projeto da Link: arranjar e interpretar a composição Aboio de um vaqueiro (Jacinto Silva) para o CD No coração da gente.

(Veja postagem completa no Blink, o blog da Link)

sábado, 1 de maio de 2010

Emoção no lançamento do tributo a Jacinto Silva

Fotos: Marcelo Barreto

Foto 1: Maria da Penha, D. Lieta Silva, Edson Barbosa, Tiago Araripe e Marcelo Queiroz

Foto 2: D. Lieta, Silvério Pessoa, Caca Barreto (Flor de Cactus), Publius e Zé da Flauta.


Um encontro de grandes nomes da música nordestina que foi regida com muita emoção. Assim, foi o lançamento do CD “Jacinto Silva. No coração da gente”, uma homenagem ao grande mestre forrozeiro, que nasceu em Alagoas e traçou boa parte de sua carreira na cidade de Caruaru, no interior de Pernambuco. O lançamento aconteceu na noite desta quinta (29), na Passa Disco (Shopping Sítio da Trindade, no Recife). D. Lieta e Maria da Penha, Viúva e filha de Jacinto, seguiram da cidade de Caruaru para acompanhar o lançamento e assistir ao making off do projeto.

O evento começou com Edson Barbosa, presidente da Link Comunicação & Propaganda, explicando que idealizou o projeto por acreditar na valorização da cultura e por ter nascido com o forró,na baiana Irará, terra do Trio Nordestino. “Jacinto tem uma obra digna de estudos e pesquisas. A cultura deve ser agregada a nossa vida todos os dias, por nós mesmos, mostrando trabalhos de relevância como os de Jacinto”, diz Edson.

Alguns dos artistas que participaram do projeto marcaram presença como Spok, Tiago Araripe, Josildo Sá, Silvério Pessoa e Caca Barreto, do grupo Flor de Cactus. Para Spok, o mais difícil no projeto foi mesmo cantar, já que o músico não era intérprete. “Jacinto é um gênio da música. Tinham coisas que ninguém sabia como que podia ser feito, mas que ele fazia”, diz.

Em discurso, Silvério Pessoa fez alguma revelações como o convívio que possuía com Jacinto e o incentivo do mestre ao músico quando resolveu seguir carreira solo. “Jacinto era como um pai para mim. Tínhamos um convívio muito saudável de pai e filho mesmo. Ele foi a mola propulsora para que eu seguisse a carreira solo, afinal no primeiro CD que fiz em carreira solo, 11 composições eram sua”, revela Silvério.

“Ao criar e produzir este CD, a Link continua a tradição de fortalecer e divulgar valores especiais da cultura brasileira”, afirma o presidente da Link, Edson Barbosa. O álbum dá continuidade à tradição da Link de produzir peças culturais de valorização das praças onde atua. “Procuramos resgatar figuras que merecem mais destaque no universo artístico brasileiro, como é o caso de Jacinto”, destaca Edson Barbosa.A produção e direção de conteúdo do CD foi de Tiago Araripe, já o projeto gráfico é assinado pelo diretor de arte Marcelo Barreto.

O CD foi gravado no Estúdio Muzak (Candeeiro Records) e reúne 16 músicas do repertório do cantor Jacinto Silva, com interpretações de artistas consagrados. “Estamos muito felizes e agradecidas por este lindo trabalho realizado com a obra de meu marido e eu posso dizer que após 9 anos de sua morte, Jacinto voltou”, emociona-se a viúva D. Lieta Silva ao fazer seu agradecimento.

Exemplares do disco serão distribuídos aos clientes e amigos da Link e à família de Jacinto Silva que poderá comercializá-lo. Os detalhes sobre o CD, incluindo o encarte, podem ser acessados pelo público no site da Link. Na Internet, as músicas podem ser ouvidas no perfil de Jacinto Silva no site MySpace - www.myspace.com/jacintosilva.

Débora Ramalho, da Executiva Press

(Texto publicado no Blink - o blog da Link, em 30/04/2010)

Tiago e Edson (Executiva Press)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O mais vendido da semana

Mais Vendidos:

1 - Tributo a Jacinto Silva - Vários - Independente
2 - Eu menti pra você - Karina Buhr - Independente
3 - Mundialmente anônimo - Maquinado - Independente
4 - Melhor assim - Teresa Cristina - EMI
5 - Alborada do Brasil - Carlos Núñez - Sony
6 - Todo Domingos - Flávia Bittencourt - Independente
7 - Balaio de amor - Elba Ramalho - Biscoito Fino
8 - Pixinguinha popular - Orquestra Sinfônica do Recife - Rob
9 - Baião erudito - Nonato Luís - Independente
10 - Estrela brilhante - Erasto Vasconcelos - Independente

Fonte: Passa Disco (81 3268.0888)

Diário de Pernambuco, 28 de abril de 2010

Hoje, no Jornal do Commercio (PE)

Capa do Caderno C


MÚSICA


Artistas se unem para reviver Jacinto Silva


José Teles
teles@jc.com.br


Falecido há nove anos, quando começava ter seu talento reconhecido por outras gerações, Jacinto Silva recebe agora um tributo à altura do papel que desempenhou na música brasileira, em geral, e na nordestina, em particular. Jacinto Silva no coração da gente, um CD em que nomes feito Tiago Araripe, Xangai, Josildo Sá, Tom Zé, Isaar, Silvério Pessoa, Caju e Castanha e Elba, para citar apenas alguns, participam, é uma homenagem ao forrozeiro alagoano, que morou a maior parte e sua vida em Pernambuco. O lançamento será amanhã, às 19h, na loja Passa Disco, no Shopping Sítio da Trindade, com participação de artistas que estão no projeto e entrada gratuita.

No coração da gente é uma edição de luxo, com um encarte de 48 páginas e apresentação criativa, nada destas capas mambembes, quase norma na maioria dos discos de forró. Na contracapa, uma curiosidade: não há nada nela que indique ter sido o álbum realizado com incentivos governamentais. O trabalho foi gravado no estúdio Muzak, sob o selo Candeeiro. A Link, que aparece nos créditos, é uma agência de propaganda, com sede na Bahia e escritório no Recife, desde 2006. Edson Barbosa, seu presidente, um baiano de Irará, costuma bancar projetos ligados à cultura. Em discos, especificamente, foi responsável pelo elogiado Cóccix até o pescoço, de Elza Soares: “Gosto de fazer estes projetos com uma coisa bem nossa. Há anos fiz um trabalho com Jacinto, e então caiu a ficha. Um disco com as músicas, de um alagoano, pernambucano por opção”.

Tiago Araripe é um músico cearense que, nos anos 70, militou no udigrudi recifense, no coletivo Nuvem 33. Em seguida, em São Paulo, foi da banda Papa Poluição, gravou disco solo pela Lira Paulistana e foi parceiro de muita gente boa, entre outros, de Tom Zé. De volta a Pernambuco, como publicitário, Araripe continua envolvido em música e foi o responsável pele seleção de repertório do CD, que prima por músicas menos conhecidas, mas nem por isso inferiores aos clássicos de Jacinto Silva (que também estão presentes). O próprio Jacinto Silva canta no disco Teste de cantor, num dueto com Silvério Pessoa (extraído do último disco do forrozeiro).

Da tiragem do disco, pouco será comercializada: “A matriz original foi cedida à família do cantor. Vamos dar como brinde, não visamos lucro, foi também uma homenagem a Pernambuco, que tão bem nos acolheu”, diz Edson Barbosa.

Jornal do Commercio, 28 de abril de 2010

Hoje, no Diário de Pernambuco

Capa do caderno Viver.

Cancioneiro de Jacinto



DISCO


Criações do compositor que fez história em Caruaru são reunidas em álbum tributo, que será lançado amanhã.


Michelle de Assumpção
michelleassumpao.pe@dabr.com.br

Jacinto Silva faz parte do primeiro time de compositores do forró, mais precisamente do coco de embolada. Começou a cantar ainda adolescente, forrós e cocos. Depois não teria problema em admitir que Jackson foi sua escola. Foi com ele que Jacinto aprendeu a dividir o ritmo, mas confessava que, quando Jackson cantava uma música, poderia dar três versões para a mesma, cada uma com uma divisão diferente. Já ele dizia que conseguia cantar no máximo com duas divisões.

Nascido em Palmeira dos Índios (Alagoas), Jacinto foi morar em Caruaru em 1958, onde ficou até o final de vida. Viajava por todo Brasil - muitas vezes participou de caravanas ao lado dos seus "mestres" Jackson e Luiz Gonzaga-, mas era para Caruaru que voltava sempre. E por isso não teve a fama dos dois primeiros. O peso da sua obra, porém, está cada vez mais evidenciado.

Amanhã, a loja Passa Disco (Shopping Sítio da Trindade) sedia a festa de lançamento de um disco tributo a Jacinto. O álbum, quetem dezesseis faixas e intérpretes diferentes, foi idealizado pela agência Link Comunicação, cujo presidente Edson Barbosa era amigo da família de Jacinto. Parte da tiragem ficará com a família. A outra será entregue a clientes da agência e uma terceira comercializada. "A tiragem é limitada, o objetivo era expandir ainda mais a obra de Jacinto para o público, além dos próprios cantores que nunca haviam gravado suas composições", conta Tiago Araripe, que cuidou da produção musical. O CD foi feito em parceria com Estúdio Muzak e selo Candeeiro Records. As músicas podem ser ouvidas no perfil de Jacinto Silva no Myspace.

Faixas

O disco é aberto pelo maestro Spok, que canta em Aboio de um vaqueiro. Tem Margareth Menezes, que já havia gravado Jacinto em Aquela rosa. E também Caju e Castanha (Moleque de rua), Maciel Melo (Plantação), Isaar França (É tempo de ciranda), Josildo Sá (Filosofia do forró), Xangai - amigo e cantador antigo das coisas de Jacinto - presente em Pisa maneiro, Aurinha do Coco (Fonte de luz), entre outros. Tom Zé, que não conhecia a obra de Jacinto, topou gravar Coco do gago. A música tem uma ludicidade e criatividade que combinaram com o estilo de Tom Zé. Elba, que também nunca havia gravado Jacinto, gostou tanto de Gírias do Norte que pediu para incluir a música em seu próximo CD.

O intérprete mais privilegiado do disco se chama Silvério Pessoa que gravou, no ano 2000, um disco inteiro com músicas de Jacinto, chamado Bate o mancá. Para a coletânea tributo, Silvério selecionou Teste para cantador, cujos vocais divide com Jacinto. A música foi tirada do disco do coquista, Só não dança quem não quer, lançado em 2000, no mesmo ano e mesmo estúdio (do músico Zé da Flauta) que Silvério fez Bate o mancá. "Ele gostava muito dessa música", lembra Silvério. E recorda que gravar Jacinto era um projeto que tinha ainda com a banda Cascabulho, e que só conseguiu realizar no seu primeiro disco solo.

"O disco, tudo que fiz com Jacinto, foi ao lado dele. Por isso não é um disco homenagem como dizem, foi umaparceria. Eu ia para Caruaru, ele vinha pro estúdio. Opinou tudo comigo. Minha tristeza é que ele não alcançou o disco lançado", resume o músico. Jacinto Silva faleceu em fevereiro de 2001, tendo gravado 24 discos, entre 78rpm e LPs, e dois CDs. Não teve, como Jackson do Pandeiro, intérpretes e defensores poderosos como Gilberto Gil ou Caetano Veloso. Mas ainda hoje artistas que se encantam com sua música. É um compositor ainda a serviço da cultura popular.

Diário de Pernambuco, 28 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Programa "Forró e Ai", na Rádio Folha, dedica edição ao CD "No coração da gente"

Da esquerda para a direita: Lina Fernandes, Tiago Araripe, Josildo Sá, Fábio Cabral e Xico Bizerra.

Há poucas horas participei do programa Forró e Ai, na Rádio Folha de Pernambuco, conduzido pela jornalista Lina Fernandes e o compositor Xico Bizerra. Realizada ao vivo, a edição de hoje foi dedicada ao CD Jacinto Silva. No coração da gente e ao seu lançamento na loja Passadisco, na próxima quinta-feira, 29.

Aliás, o lançamento reabrirá a programação de eventos da Passadisco - involuntariamente interrompida desde o ano passado.

Participaram do Forró e Ai Josildo Sá, intérprete da faixa Filosofia do forró no tributo a Jacinto, e Fábio Cabral, da Passadisco.

Na programação de quinta-feira, além da presença de artistas do disco como Josildo, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Spok, Isaar, o grupo Flor de Cactus e eu, haverá apresentação de crianças do Projeto de Iniciação Musical Jacinto Silva, de Caruaru, e exibição de vídeo que mostra os bastidores das gravações do CD e depoimentos de pessoas envolvidas com o trabalho.

Para ouvir a edição do programa Forró e Ai, clique aqui.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Link entrega CD à família de Jacinto Silva

Edson Barbosa, D. Lieta e Tiago Araripe (Fotos: Sued Oliveira)

(Retransmitido do Blink - O blog da Link)

Uma comissão da Link, liderada por Edson Barbosa, entregou 500 exemplares do CD No coração da gente à família de Jacinto Silva, em Caruaru. Os irmãos João Bosco e Marcelo Queiroz, que representaram a família de Jacinto na questão dos direitos autorais, organizaram uma recepção para registrar a entrega. Entre os presentes, a ex-companheira de Jacinto, D. Lieta, e a filha do casal, Penha Silva, além do compositor Onildo Almeida, amigos e admiradores do artista.

Onildo, com ativos 82 anos de idade, é autor de algumas faixas do CD lançado pela Link, como Justiça Divina (primeira música gravada por Jacinto Silva no selo recifense Rozemblit), É Tempo de Ciranda e Gírias do Norte (esta, em parceria com Jacinto). São apenas alguns exemplos de uma obra extensa, de mais de 500 composições gravadas - inclusive grandes sucessos na voz de nomes como Luiz Gonzaga, Marinês e o próprio Jacinto Silva.

Onildo Almeida, D. Lieta, Maria da Penha

Edson Barbosa lembrou o que primeiro motivou o projeto da agência: de um lado, o desejo de auxiliar a família de um amigo; de outro, o reconhecimento a um grande expoente da cultura pernambucana que merece ser resgatado e valorizado.

A opinião é compartilhada por Sued Oliveira, diretora da Link Recife: “Iniciativas como esta resgatam grandes nomes da cultura pernambucana que não podem ser esquecidos”, disse ela. “O trabalho feito, carinhosamente, por todos os artistas que participaram mostra como a obra de Jacinto é atual”, complementou.

Para Marcus Soares, diretor de atendimento da Link destacado para o projeto do CD, a iniciativa da Link é “uma demonstração de generosidade que, em todas as fases do trabalho, moveu as pessoas numa extensa rede de contatos e fez o disco acontecer”.

No encontro em Caruaru, pudemos ouvir da D. Lieta histórias da peleja de vida de Jacinto para exercer o seu ofício de cantor e compositor, bem como as lembranças de Onildo Almeida sobre o parceiro de tantas horas. Para ele, o novo disco atualizou as músicas do repertório de Jacinto Silva, aproximando-o das novas gerações.

Malu Oliveira/Tiago Araripe

Disco para celebrar Jacinto Silva

Quinta, 22 de Abril de 2010

MÚSICA

Disco para celebrar Jacinto Silva

Discípulo direto Jackson do Pandeiro, o alagoano de Palmeira dos Índios Jacinto Silva, falecido em 2001, é mais um dos tantos compositores injustiçados sob o olhar do que seria, de fato, a música nordestina. Para muitos, houve um pulo de Luiz Gonzaga direto para a produção da década de 1980, que deu ao País nomes como Zé e Elba Ramalho, Fagner, Amelinha, entre outros. Com a carreira iniciada em 1963, com a canção “Justiça Divina” no 78rpm do selo Mocambo, Jacinto construiu um rico repertório para o cancioneiro nordestino.

Parte dessas canções formam “Jacinto Silva - No Coração da Gente”, disco tributo idealizado pelo presidente da Link, Edson Barbosa, e com direção geral de conteúdo e produção de Tiago Araripe. A bolacha conta com 16 músicas, interpretadas por artistas consagrados como Elba Ramalho, Maestro Spock, Tom Zé, Margareth Menezes, Isaar e o próprio Tiago. O disco já está à venda na loja Passa Disco e custa R$ 37,90. No próximo dia 29, ocorre na loja seu lançamento oficial.

“Garimpar, para este disco, composições representativas do universo sonoro e poético de Jacinto Silva é se arriscar a deixar de fora muitas pepitas preciosas. Porém assumimos o risco, na tentativa de mostrar a diversidade sonora e poética do repertório do compositor”, explica Tiago Araripe. No texto de apresentação no encarte do trabalho, Tiago elenca quatro vertentes fundamentais da poética musical de Jacinto: a bem humorada (presentes em “Gírias do Norte” e “Filosofia do Forró”), o reflexo dos valores do povo nordestino (como em “Aboio de um Vaqueiro”, “Teste para Cantador” e “Moleque de Rua”), a sentimental (“Aquela Rosa”, “Cante Cantador”) e a espiritual (com “Justiça Divina”, “Imaginação” e “Fonte de Luz”).

Tiago aponta também que o convite a artistas de diferentes vertentes da música popular também é uma forma de traduzir o ecletismo do trabalho de Jacinto Silva. “De Aurinha do Coco a Tom Zé, de Spok a Caju e Castanha, a tradição e a inovação convivem pacificamente. A ideia é que a obra de Jacinto Silva possa ser ouvida por diversos ângulos”, arremata.

Lançamento no Recife

Arte: Marcelo Barreto

Marcado o lançamento do CD Jacinto Silva. No coração da gente, a imprensa pernambucana começa a se manifestar. É o caso da nota publicada hoje no Jornal do Commercio:

Jacinto Silva

A loja Passa Disco (Shopping Sítio da Trindade) volta a promover eventos lançando, na próxima quinta-feira, às 20h, o CD No coração da gente: tributo a Jacinto Silva. Participam do álbum Tom Zé, Spok, Xangai, Silvério Pessoa, Maciel Melo, Isaar, Petrúcio Amorim, Aurinha do Coco, Tiago Araripe, Margareth Menezes, Josildo Sá, entre outros.


Jornal do Commercio, 23 de abril de 2010 ("Rec Beat" - Marcos Toledo)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais do programa sobre Jacinto Silva

Petrúcio Amorim, Edson Barbosa, Tiago Araripe e Wagner Gomes, em foto de Fabiana Galvão (Executiva Press).

Nota veiculada ontem no Blink - o blog da Link:

19 de abril de 2010 | 19:58

Uma roda de amigos em homenagem a Jacinto Silva

Uma roda de amigos rendendo homenagem ao grande mestre da cultura nordestina, Jacinto Silva. Foi esse o clima do debate da Rádio Jornal do sábado passado (17/04), que teve o comando do comunicador Wagner Gomes. O tema foi a vida e obra de Jacinto Silva (1933/2001) e a homenagem feita ao forrozeiro no CD Jacinto Silva. No Coração da Gente, que está sendo lançado pela Link Comunicação & Propaganda em parceria com a Candeeiro Records. Participaram do debate Edson Barbosa, presidente da Link, o produtor do disco, Tiago Araripe, e o cantor e compositor Petrúcio Amorim.

“Foi uma grande alegria e prazer participar deste CD, pela história, pela grandeza, pelo professor que foi e é o mestre Jacinto Silva. Um artista do povo, que merece esta homenagem. Não é à toa que suas músicas continuam na boca do povo”, diz Petrúcio Amorim. Além de Petrúcio Amorim, participam do CD Elba Ramalho, Maestro Spok, Margareth Meneses, Silvério Pessoa, Maciel Melo, Josildo Sá, Aurinha do Côco, Caju e Castanha, Flávia Wenceslau, Flor de Cacto, Isaar França, Petrúcio Amorim, Targino Gondim, Tiago Araripe, Tom Zé e Xangai.

“Fiquei muito emocionado com o diálogo que se estabeleceu entre eu, Tiago, Petrúcio, Wagner e o público, que deu uma resposta muito positiva e até emocionada com o conteúdo do programa”, lembra Edson Barbosa. “É uma honra resgatar a obra de um artista que estava esquecido e que tem uma importância singular para a cultura de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil”.

Durante o programa, Wagner Gomes veiculou para os ouvintes músicas em sua versão original, nas gravações de Jacinto, intercaladas pelas faixas gravadas no CD que está sendo lançado pela Link e a Candeeiro Records. “Achei bem interessante este formato, pois permitiu ao ouvinte comparar a nova versão, que traz um novo arranjo e novas releituras, com a versão original”, explica Tiago Araripe.

A esposa de Jacinto Silva, Maria Lieta, escutou o programa com a filha, Penha Silva, em Caruaru onde residem até hoje, e muito emocionadas, ligaram para a produção para agradecer a homenagem que estava sendo feita. “Ficamos muito emocionadas em ver o reconhecimento do trabalho do meu pai e ouvir pessoas tão boas cantando as músicas dele. Ficamos maravilhadas”, declarou Penha. Wagner Gomes leu depoimento das duas no ar.

Postado por Debora Ramalho - Executiva Press

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Homenagem a Jacinto Silva em programa especial na Rádio Jornal, de Pernambuco

Na foto (Fabiana Galvão): Tiago Araripe, Wagner Gomes, Edson Barbosa e Petrúcio Amorim.

Neste sábado, 17, participamos de programa especial de Wagner Gomes na Rádio Jornal. O tema: Jacinto Silva e a homenagem feita ao grande forrozeiro no CD No coração da gente.

Além de tocar faixas do disco alternadas com gravações originais do próprio Jacinto, o programa analisou a importância do compositor e intérprete - alagoano de nascimento e pernambucano por adoção -, além de revelar detalhes do novo disco produzido pela Link Comunicação e Propaganda, em parceria com a Candeeiro Records.

A presença de Petrúcio Amorim, importante nome da música regional pernambucana e um dos artistas integrantes do CD Jacinto Silva. No coração da gente, deu brilho especial ao bate-papo.

Em breve, o programa da Rádio Jornal poderá ser ouvido aqui. Aguarde.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jacinto Silva no MySpace

Foto: Arquivo da família.

Algumas faixas do novo CD Jacinto Silva. No coração da gente já podem ser ouvidas pela internet. É só conferir no link do disco no MySpace, clicando aqui.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Ficha técnica

Página do encarte. Foto e projeto gráfico: Marcelo Barreto.

Aqui, as informações técnicas referentes ao CD Jacinto Silva. No coração da gente, que será distribuído a partir do próximo dia 19 de abril.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

CD "Jacinto Silva. No coração da gente" saindo da fábrica

Contracapa do CD, projeto gráfico de Marcelo Barreto.


O disco tributo a Jacinto Silva sai da fábrica nos próximos dias. Acompanhe aqui os detalhes da produção e a repercussão na mídia.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Tributo a Jacinto Silva reúne 16 artistas em CD

Capa do CD, que tem projeto gráfico assinado por Marcelo Barreto.

Já na fábrica o CD Jacinto Silva. No coração da gente, produção da agência Link Comunicação e do Estúdio Muzak (Candeeiro Records) que valoriza a cultura pernambucana.

Confira a relação das faixas, autores e intérpretes:

01. Aboio de um vaqueiro (Jacinto Silva)Spok

02. Aquela Rosa (Jacinto Silva)Margareth Menezes

03. Teste para cantador (Jacinto Silva)Jacinto Silva e Silvério Pessoa

04. Minha professora (Jacinto Silva) Targino Gondim

05. Cante cantador (Jacinto Silva/João Silva) Flávia Wenceslau

06. Moleque de rua (Manoel Alves/Agenor Farias)Caju e Castanha

07. Plantação (Jacinto Silva/Janduhy Finizola) Maciel Melo

08. É tempo de ciranda (Onildo Almeida)Isaar França

09. Justiça Divina (Onildo Almeida)Tiago Araripe

10. Coco de praia (Francisco Azulão/Antônio Ramos)Flor de Cactus

11. Filosofia no forró (Manoel Alves/Tiago Duarte)Josildo Sá

12. Pisa maneiro (Juvenal Lopes/Dilson Dória)Xangai

13. Gírias do Norte (Jacinto Silva/Onildo Almeida)Elba Ramalho

14. Coco do gago (Jacinto Silva)Tom Zé

15. Imaginação (Jacinto Silva/Idevaldo Nunes Marques)Petrúcio Amorim

16. Fonte de Luz (Jacinto Silva/José Roberto Souto Maior)Aurinha do Coco



Para mais informações e audição de faixa-degustação, clique aqui.