Dias depois do Festival Abertura (vide post anterior), estava eu pensando que estratégia adotar para poder almoçar quando batem à porta do sobradinho onde eu morava na rua Wizard. Era alguém da produção da Rede Globo. Depois de se identificar, a pessoa disparou: eu aceitaria interpretar a música Drácula no Fantástico?
Parecia algo milagroso, dada a minha condição financeira precaríssima naquele momento. Mas o que me ouvi dizer ao rapaz da Globo surpreendeu a mim mesmo: falei simplesmente que ia pensar no assunto. Daria uma resposta depois. (Eu era muito jovem, muito duro e muito metido a besta.)
Depois do pretenso charme de artista (pobre, mas artista), acertei o cachê e os detalhes da gravação do programa –aliás, receber o pagamento foi dez vezes mais difícil que cantar a música.
Para dar mais fôlego à repercussão do Abertura, a Globo preparou um quadro do Fantástico que mostraria polaridades contrastantes do Festival: a música mais popular do evento (Farofa-fá, interpretada por Mauro Celso) e a considerada mais “maldita” (Drácula, interpretada por mim).
Naturalmente, o nome do parceiro Décio Pignatari deve ter pesado na definição da pauta do programa. Acredito também que a Globo, de alguma forma, estava me dando uma segunda chance depois da minha performance afônica no Festival. Seria uma forma de reabilitar minha imagem de cantor.
Do palco ao porão
Eu e o Mauro Celso gravamos os nossos números nos porões do Teatro Municipal de São Paulo (foto). Por sinal o cenário sombrio se adeqüava mais ao tema de Drácula que ao clima festivo de Farofa-fá.
Daí em diante, Drácula seria uma constante nas apresentações do Papa Poluição: um tango em meio aos rocks, xotes, baiões e maracatus que, traduzidos em linguagem pop, marcaram a diversidade musical do grupo.
Tiago Araripe
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Drácula no Fantástico
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Um comentário:
Tiago eu não lembro de ter te visto no Fantástico.Mas lembro da história toda.Engraçado.Nos porões do municipal....existem fantasmas, e Drácula passou por alí também.
Dalvinha
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