terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Entre os 10 mais da Zero Hora (RS)

Olhaí, Cabelos de Sansão na boa companhia de discos de talentos como Carlos Lyra, João Donato, Marcos Vale, Roberto Menescal, Jards Macalé, Luiz Melodia, Joyce e Milton Nacimento.

A boa nova vem de Porto Alegre, uma das capitais brasileiras (juntamente com Fortaleza) que melhor acolheram o vinil Cabelos de Sansão, quando este foi lançado em 1982 pelo selo Lira Paulistana.

Mais detalhes aqui.

Saravá, Porto Alegre!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Jurado no Juqueri

Outro dia recebi o livro Poemas Arcanos, do meu amigo Assis Lima. Cratense da mesma forma que eu, Assis mora em São Paulo de onde mantém consistente produção cultural que abrange literatura, música e teatro, passando tembém pelo cinema e a pesquisa de cultura.

Com o escritor cearense Ronaldo Brito e o músico pernambucano Antônio Madureira, produziu uma série de discos pelo antigo selo Eldorado, que oferecem às crianças alternativa original à música de massa que em muitos momentos mesmeriza a imaginação infantil e ameaça a paciência dos pais.

Discos como o Baile do Menino Deus, que retomam as tradições culturais nordestinas mostrando uma perspectiva brasileira do Natal, continuam sendo vendidos até hoje - e a peça teatral correspondente é encenada todos os anos em capitais nordestinas. (Outro dia entrei numa loja de discos do Recife e estava tocando o CD do Baile...).

Mas o que isso tem a ver com o Hospital Psiquiátrico Juqueri da foto, segundo a Wikipídia "uma das mais antigas e maiores colônias psiquiátricas do Brasil, localizada em Franco da Rocha", município do estado de São Paulo?

Primeiro, porque o Juqueri também é cultura - basta ver a vasta produção artística de internos da instituição. Um deles, eu soube na época, causou impressão tão forte em Salvador Dali que este o convidou para um período na Espanha.

Depois porque Assis Lima é também psiquiatra e, durante sete anos, trabalhou no setor de perícia daquele antigo Manicômico Judiciário - hoje denominado Hospital de Custódia e Tratamento André Teixeira Lima. E no livro Poemas Arcanos, um dos poemas se chama justamente Juqueri.

Em algum dia de 1981, recebo um convite surpreendente de Assis: queria que eu fosse jurado de um festival de música dos internos do manicômio. O evento foi organizado pelas duas profissionais que hoje dirigem, cada uma, as duas unidades que restaram daquela instituição.

Pois bem. No dia marcado fazia uma bela manhã de sol, o que me animou a conhecer de perto o famoso Juqueri. Lembro-me vagamente de ter tomado um trem até Franco da Rocha.

Ao chegar ao Manicômico, Assis me fez uma rápida apresentação do Hospital. Fiquei impressionado com o ambiente de trabalho dele: um consultório que seria como outro qualquer, não fossem as grossas grades nas janelas e porta.

Vi também alguns quadros pintados pelos internos - muitos deles de surpreendente beleza.

Em seguida nos dirigimos a uma espécie de quadra, onde todos já estavam a postos para o início do festival. Uma a uma, foram apresentadas as músicas concorrentes ao primeiro prêmio. Os músicos também eram internos. Lembro que me chamaram a atenção o guitarrista sem um dente sequer na boca, e a música que cantou - que, de certa forma, descrevia os motivos que o levaram a perder a sanidade mental, abandonado pela mulher.

Depois aconteceu algo que não estava no script. Enquanto se procedia à apuração dos votos, a comissão organizadora solicitou a alguns jurados - inclusive a mim - que cantasse para aquele inusitado público. Entre eles estavam nomes como Renato Teixeira e Venâncio (da dupla Venâncio e Corumba), que prontamente atenderam ao pedido da organização.

Quando chegou a minha vez, estava acontecendo uma daquelas célebres viradas de tempo que tanto caracterizam São Paulo. O sol radiante se fôra, e começava a esfriar para valer. Eu tremia, pois vestia apenas uma camiseta leve. Fui socorrido por Assis, que mandou buscar no almoxarifado uma espécie de blazer preto que todos os internos usavam.

Subi ao palco com aquela indumentária, o que me fez ser muito aplaudido. Para todos os efeitos, eu agora era um deles!

Uma das canções que cantei foi Coração Cometa, parceria com Jorge Alfredo que abre o disco Cabelos de Sansão. Querendo melhor suprir a memória a respeito das razões daquele festival, escrevi a Assis e, entre outras coisas, ele me respondeu:

"...não estou bem certo da motivação específica do festival. Acredito que era pelo momento de renovação de mentalidade e de humanização, veiculada pelo juiz Laércio Talli, que liberou centenas de internos que estavam confinados há mais de 20 anos, por pretensa periculosidade superior à de doentes mentais comuns. Ele contrariou os pareceres dos velhos colegas que faziam uma escola muito conservadora lá. Fique fã desse juiz. Um detalhe eu lembro: da cara de felicidade que ele fez quando tu começaste a cantar aquela tua música (faixa 1 do teu CD, se não me engano): Coloquei o meu ouvido bem colado rente ao chão/pra escutar na terra o cantar da natureza... Desculpe se me atrapalhei nas palavras da letra, pois gosto bastante do Coração Cometa".

Depois da apresentação, uma interna segurou meu braço e disse com visível alegria: "Agora você não sai mais daqui". Outros vieram, animados com o fato de eu ter longos cabelos, ser músico e estar vestindo o uninorme deles, me confidenciar suas dores ou mesmo pedir "um fuminho".

Dizem que de perto ninguém é normal. Mas ao conviver por aqueles breves momentos com os internos do Manicômio do Juqueri, vi que eram mais normais do que muita gente...

Tiago Araripe

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Asas lindas de Little Wing - Escolha a sua

Cinco versões de Little Wing. Com o autor Jimi Hendrix...



... The Coors...



... Eric Clapton e Sheryl Crow...



... Sting...



... e Stanley Jordan em Madrid. (Aqui vale um parênteses. Recentemente fui ver o guitarrista no Teatro Santa Isabel do Recife. Stanley Jordan entra em cena sozinho e abre a noite disparando uma belíssima interpretação de Little Wing. Emocionante.)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Cenas de um lançamento - Recife

Imagens do lançamento de Cabelos de Sansão no Recife, tendo como cenário o shopping Sítio da Trindade, onde fica a loja Passa Disco.

Espaço a céu aberto, a iluminação natalina fazendo contraponto à noite estrelada.

No acompanhamento musical, o violonista pernambucano Leonardo César.

As boas surpresas ficaram por conta das presenças forrozeiras de artistas como Santanna o Cantador e Dudu do Acordeon (foto acima).



E dia 4 de janeiro estarei no Cariri, onde tenho espaço marcado no Sesc Crato.





Saudações nordestinas.

Tiago Araripe

domingo, 7 de dezembro de 2008

No meu Cariri

Arte: Marcelo Barreto

De volta ao começo. Mais uma vez.

No próximo dia 4 de janeiro, o cenário do lançamento de Cabelos de Sansão não poderia ser mais acolhedor: a cidade cearense do Crato, no sopé da Chapada do Araripe. A região é o Cariri, reconhecido pólo cultural que abrange desde a tradição popular de Patativa do Assaré, bandas cabaçais, reisados, cocos, maneiro-pau, penitentes, ceramistas, xilógrafos até a sofisticação de trabalhos como o do artista plástico Sérvulo Esmeraldo, do cineasta Hermano Penna, . Sem falar numa surpreendente escola de comunicação para crianças e jovens em pleno sertão de Nova Olinda: a Fundação Casa Grande.

Dia 4 de janeiro, 20h, Sesc Crato, Rua André Cartaxo, 483, Centro do Crato.

Espero encontrar você.

Tiago Araripe

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Poesia cantada

O poeta e parceiro musical Ricardo Alcântara realiza, neste domingo em Fortaleza, show de lançamento do seu CD Canções do Eterno Agora.

Na ficha técnica, os intérpretes Amelinha, Téti, David Duarte, Lúcio Ricardo, Edmar Gonçalves, Calé Alencar e Marcos Lessa.

A poesia cantada de Ricardo Alcântara é burilada e precisa, para ser degustada agora e sempre.

Tiago Araripe

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Notícias do lançamento no Recife - Diário de Pernambuco

PASSA DISCO

Cabelos de Sansão é som de vanguarda

Michelle de Assumpção

michelle.assumpcao@diariodepernambuco.com.br

O (re)lançamento do CD Cabelos de Sansão, do cearense Tiago Araripe, tem uma história talvez mais interessante do que o próprio conjunto de canções que reaparecem 26 anos depois. Antes de mais nada, elas continuam fazendo a linha "esquisitas", experimentais, completamente fora do gosto comercial. Hoje, aos 56 anos, o cantor e compositor trabalha com publicidade e propaganda em Fortaleza, mas não abandonou a música. Ao contrário, deve até gravar outra produção. O responsável pela volta de Tiago foi Zeca Baleiro. O CD remasterizado, que traz a capa original, será lançado hoje, a partir das 19h, na loja Passa Disco (Shopping Sítio Trindade).

O gosto do compositor maranhense pelo trabalho de Tiago, que na época do CD integrava a turma da vanguarda de São Paulo, movimento conhecido como Lira Paulistana, vem de 1986. Foi nesse ano que, procurando discos numa loja, Baleiro deparou-se com uma capa interessante que o fez comprar o LP: um homem, magro, de cabelos compridos, cavalgando um leão em pleno espaço sideral. Foi amor à primeira audição. Em oposição a toda a massificação das baladas dos anos 80, Tiago revivia o tropicalisamo, o psicodelismo e o rock nordestino de influências regionais - no seu caso, as tradições populares da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, o reisado e o maneiro-pau.

Zeca Baleiro demorou para conhecer Tiago. Certa vez, durante um show em Fortaleza, pediu à sua produção que o localizasse. Os dois tornaram-se parceiros e, tempos depois, o músico maranhense resolveu relançar Cabelos de Sansão, o álbum que tanto o impressionou. Hoje à noite, o cantor apresenta músicas do álbum ao lado do violonista Leonardo César da Silva. O disco estará à venda por R$ 20. Fone: 3268-0888.

Diário de Pernambuco, 27 de novembro de 2008

Notícias do lançamento no Recife - Folha de Pernambuco

Tiago Araripe relança álbum na Passa Disco

Thiago Corrêa

As facilidades em baixar música pela internet têm diminuído a importância das capas para os discos. Como que para relembrar a época onde a arte gráfica tinha papel fundamental nas obras musicais, ressurge o álbum “Cabelos de Sansão”, do cearense Tiago Araripe, que será relançado hoje, às 19h, na loja Passa Disco. O artista fará a apresentação com o violonista Leonardo César da Silva.

Gravado em 1982, o disco está sendo relançado pelo selo Saravá, de Zeca Baleiro, que descobriu a bolacha porque ficou impressionado com a imagem de um cabeludo cavalgando um leão impressa na capa. Assim como a imagem sugere, o álbum é carregado de uma liberdade criativa fundamentada no espírito hippie e com fortes influências do Tropicalismo.

A sonoridade é datada, não no sentido pejorativo, mas no que remete ao universo do desbunde dos anos 80, dialogando com obras de Caetano Veloso, Ney Matogrosso, A Cor do Som e Di Melo. As músicas são bem trabalhadas, traz participações especiais de Tetê Espíndola e Itamar Assumpção, e faz referências a ritmos indígenas, maracatu e forró.

Folha de Pernambuco, 27 de novembro de 2008

Notícias do lançamento no Recife - Jornal do Commercio

» RELANÇAMENTO

Tiago Araripe está
de volta à música


Publicado em 27.11.2008

Compositor que fez parte do coletivo Nuvem 33 nos anos 70 e depois integrou a vanguarda paulistana relança Cabelo de Sansão


José Teles

teles@jc.com.br

Quem vê o cearense Tiago Araripe hoje, cinquentão, calvo, discreto no vestir, jamais irá imaginar que se trata do mesmo que, nos idos de 72 agitou a cena musical pernambucana no coletivo Nuvem 33, com o Laboratório de Sons Estranhos, o grupo mais performático daquela movimentação udigrudi. Em 1973, araripe foi para São Paulo, onde ajudou a formar a banda Papa Poluição, que marcou época na cidade. Na década de 70, foi parceiro de Tom Zé, de Cid Campos, do pai deste, Augusto de Campos. Tiago esteve envolvido na maioria das elucubrações acontecidas na paulicéia desvairada, que acabaram desaguando no começo dos 80, no que se convnecionou chamar de Vanguarda Paulista, e no primeiro selo independente importante do País, o Lira Paulistana. Seu disco Cabelos de Sansão, que relança hoje, às 19h, na Passa Disco, foi o segundo título do Lira.

O relançamento acontece graças a Zeca Baleiro, admirador do trabalho de Tiago Araripe, e que o abrigou em seu selo, o Saravá Discos. Um relançamento que deve levá-lo de volta ao estúdio. “É um resgate importante em dois níveis: primeiro, por dar oportunidade às novas gerações de ter acesso a iniciativas raras como a do Lira Paulistana no início dos anos 80, e da Saravá Discos agora. Nos dois casos, são espaços abertos para trabalhos à margem das grandes gravadoras, reveladores de outras formas de vida – no sentido de valorização da diversidade cultural. Na época do LP, era difícil classificar qual era exatamente o tipo de música que eu fazia – o mercado formal não estava preparado para vender essa indefinição”, comenta Araripe.

Passados 35 anos, ele recomeça a carreira de músico, que trocou pela publicidade. “É significativo estar de volta ao Recife, onde a viagem musical começou. O relançamento de Cabelos de Sansão abre possibilidades para outro disco, capaz de revelar composições armazenadas ao longo do tempo – inclusive parcerias com Zeca Baleiro. O resgate de Zeca é importante também do ponto de vista pessoal, ao me possibilitar uma reconexão com minha própria história de vida. A leitura que ele faz do disco começou a me mostrar novas possibilidades, indicando que o esforço não foi em vão”, diz Tiago.

Como é de praxe nos lançamentos na Passa Disco, a sessão de autógrafo será acompanhada de um pocket show, de Tiago Araripe com o violonista Leonardo César da Silva: “Vou apresentar um punhado de canções de Cabelos de Sansão. Algum elemento surpresa é sempre possível – e será sempre bem-vindo”, diz ele.

» Sessão de autógrafos e pocket show do CD Cabelos de Sansão, de Tiago Araripe, a partir das 19h, na Passa Disco (Estrada do Encanamento, 480, Parnamirim). Outras informações: 3268.0888.




quarta-feira, 26 de novembro de 2008

No ar, na Rádio Folha de Pernambuco FM

Como parte dos preparativos para o lançamento de Cabelos de Sansão no Recife, estive na tarde deste dia 26 na Rádio Folha FM, onde fui entrevistado pela bem informada Lina Fernandes (foto).

E nesta quinta 27, aguardo você na Passa Disco.

Tiago Araripe

Repercussão de Cabelos... no Maranhão

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TRIBUNA CULTURAL
por Zema Ribeiro

QUANDO A FORÇA ESTÁ NA MÚSICA

Saravá Discos, selo de Zeca Baleiro, relança o antológico Cabelos de Sansão, estréia do cearense Tiago Araripe.

(Clique na coluna
ao lado para ler
na íntegra o texto
publicado esta semana
no jornal maranhense
Tribuna do Nordeste
e replicado no blog
do autor, Zema Ribeiro.)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Noite de autógrafos no Recife


Foto: Rodrigo Meireles / Arte: Lívia e Clarissa

Na próxima quinta-feira, espero encontrar você na Passa Disco (tel. 81 3268.0888).
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Na foto acima: Fábio Cabral, da Passa Disco.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Um garoto que amava os Beatles e as bandas cabaçais. Por Wilson Bentos.

Tiago Araripe e Zeca Baleiro, em cena do lançamento de Cabelos de Sansão em Fortaleza (22/9/2008).


(Foto: Genilson Lima)


Um dia, no final dos anos 80, o cantor e compositor Zeca Baleiro estava espiando as novidades de uma loja de discos no Rio de Janeiro, quando levou um susto: um velho LP, com um cabeludo nu cavalgando um leão na capa, revelava uma sonoridade inovadora, a fusão de ritmos nordestinos com as experimentações do movimento que ficou conhecido como Lira Paulistana, que tinha nomes como Arrigo Barnabé, Itamar Assunção, Premeditando o Breque e Tetê Espíndola. O tal cabeludo era um cearense chamado Tiago Araripe. Foi amor à primeira vista. Ou melhor: à primeira audição.

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De lá para cá, Zeca não descansou enquanto não encontrou Araripe pessoalmente. Aproveitando a oportunidade de um show em Fortaleza, pediu à produção que localizasse Tiago. O homem que apareceu à sua frente era um respeitável senhor de óculos, muito diferente do cabeludo pelado da capa do disco. Mas a voz doce e suave, que um dia Augusto de Campos comparou ao timbre dos trovadores provençais, continuava a mesma. E o talento de compositor também. Zeca Baleiro e Tiago Araripe tornaram-se parceiros, e tempos depois o músico maranhense resolveu relançar Cabelos de Sansão, o disco que tanto o tinha impressionado.

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“É um disco importantíssimo, embora pouco conhecido”, declarou Zeca em entrevista ao jornal O Povo, de Fortaleza, e que chega às lojas em 2008 pelo selo Saravá Discos, criado por Baleiro para resgatar trabalhos pouco divulgados e que normalmente não se enquadram nos projetos comerciais das grandes gravadoras.

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O relançamento coincide com a série de homenagens aos 50 anos do movimento de poesia concreta e a um de seus expoentes, o poeta e ensaísta Décio Pignatari, um dos parceiros de Tiago, juntamente com os outros líderes do movimento, os irmãos Augusto e Haroldo de Campos. O disco faz desfilar personalidades como Itamar Assunção, Tetê Espíndola, Vânia Bastos, Oswaldinho do Acordeon e o lendário Tony Ozanah (dos Beat Boys, banda que acompanhou Caetano Veloso em Alegria, Alegria no Festival da Record).

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Augusto de Campos, aliás, criou uma versão da música Little Wing, de Jimi Hendrix, especialmente para o disco. A capa é do famoso designer Alexandre Wollner e, fiel ao conteúdo experimental e vanguardista do disco, traz uma foto do cosmos captada em telescópio, contribuição do físico Augusto Damineli.

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No arranjo das músicas o produtor Wilson Souto Jr., idealizador do Lira Paulistana, fez tudo o que pôde para que as idéias vanguardistas do disco fossem executadas à risca. Foram mais de 300 horas de estúdio, que reúnem formações inusitadas como um quarteto de cordas acompanhado por tabla indiana, instrumentos andinos com sanfona nordestina e toda a parafernália do rock eletrônico. Além de uma “participação” dos Beatles, numa colagem sonora de Strawberry Fields Forever.

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UM GAROTO QUE AMAVA OS BEATLES E AS BANDAS CABAÇAIS


Irmãos Aniceto (foto: Pachelly Jamacaru)


Apesar das influências pop que o permeiam, Cabelos de Sansão não esconde a origem nordestina de Tiago. Por trás de todo o experimentalismo com que ousou desafiar o som predominantemente conformista dos anos 80 e de ainda trazer ecos do Tropicalismo, o disco revela um pouco da influência da sonoridade de tradições populares da Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto, dos reisados e do maneiro-pau.

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Para quem sabe da história, em determinados momentos é possível até mesmo visualizar o menino Tiago na cidade cearense do Crato, onde nasceu, de gravador em punho, registrando o som dos pífanos, triângulos e zabumbas desses grupos a pedido do avô folclorista, que muito o influenciou. Ao mesmo tempo, seu outro avô mantinha, em sua fazenda no sertão do Piauí, um baú cheio de tesouros: discos de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Marinês. O menino Tiago, tímido e curioso, vivia por ali, bebendo daqueles sons.

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Até que um dia, repentinamente, embriagou-se. Um vizinho do Crato, cujo pai tinha uma loja de discos, apareceu com um disco chamado Beatlemania. “Aquilo abriu para mim um novo horizonte de possibilidades musicais” - revela Tiago, que trocou o velho gravador de pilhas do avô por um violão e começou a compor suas próprias canções.

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Mais tarde, já como estudante de arquitetura no Recife, deparou-se com o Tropicalismo e com o som de outros vanguardistas como Frank Zappa e Mothers of Invention e Jimi Hendrix. E misturou tudo com os livros de ficção científica de autores como Kurt Vonnegut Jr. e Isaac Asimov. Isso, segundo ele, o levou a ser conhecido na cidade como um autor de “músicas estranhas” e a formar um grupo chamado “Nuvem 33”, no qual figuravam, além dos músicos, também artistas plásticos e atores.

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Um grupo tão performático estreou, como não poderia deixar de ser, numa peça de teatro. Armação, encenada no palco do Teatro do Parque do Recife, alternava o teatro com a música exótica do Nuvem 33. Embalado, Tiago Araripe compôs as doze músicas do espetáculo em uma semana. E logo depois voltou ao mesmo teatro com o grupo para o espetáculo de estréia da banda, já batizada. Poderia ser um show de música como outro qualquer, mas Tiago e seus amigos, inquietos, fizeram questão de incluir performances como a de um cartunista desenhando ao vivo “comentários” sobre o que ocorria no espetáculo, sendo as imagens projetadas num telão no fundo do palco.

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CRUZANDO A IPIRANGA COM A AVENIDA SÃO JOÃO


Àquela altura a cidade do Recife já era pequena demais para os projetos de Tiago Araripe. Ele ouvira falar de uma certa escola de música dirigida pelo baiano Tom Zé, em São Paulo, e resolveu arribar. Chegou atrasado. Tom Zé já tinha fechado a escola, mas resolveu apostar no jovem cearense de cabelos longos. “Ele tem a capacidade de descobrir o que cada pessoa tem de melhor e de revelar isso”, lembra Tiago que, num dos shows de Tom Zé, surpreendia a si mesmo fazendo um solo de gaita mesmo sem muita intimidade com o instrumento.

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Por intermédio de Tom Zé, Tiago conheceu Pignatari e os irmãos Campos. E foi apresentado à efervescente vanguarda paulistana dos anos 70 e 80. Com Pignatari, compôs Teu Coração Bate, o Meu Apanha (gravada no compacto simples Tom Zé e Tiago Araripe, de 1974), e Drácula, poema convertido num tango futurista pelas mãos do músico cearense e apresentado no Festival Abertura da Rede Globo, de 75. Drácula também virou um videoclipe gravado nos porões do Teatro Municipal de São Paulo e estrelado por Tiago em rede nacional no Fantástico. De Augusto de Campos, ganhou “de presente” a versão de Little Wing que enfeita Cabelos de Sansão.

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No filme Sargento Getúlio, vencedor do Festival de Gramado em 1983, a voz de Tiago Araripe flutua sobre um desempenho inesquecível de Lima Duarte, na trilha sonora criada pelo grupo Papa Poluição, fundado por Tiago e outros músicos nordestinos em 1975. Aliás, o “Papa” ainda tem seus fãs fidelíssimos, que mantêm uma comunidade no Orkut. O grupo, que misturava rock com ritmos nordestinos, gravou pequenos discos, fez shows nos mais diversos espaços de São Paulo e excursionou pelo Nordeste.

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O CD Cabelos de Sansão, o mais novo relançamento Saravá Discos, é o resultado do trabalho de Tiago Araripe pós-Papa Poluição, quando ele iniciou uma fase solo e mais experimental. É um disco histórico porque é o segundo lançado pelo selo Lira Paulistana, logo depois de Beleléu, de Itamar Assunção. Que a música de Tiago Araripe possa enfim ser ouvida pelo público que merece ter.

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Wilson Bentos

Jornalista e publicitário

(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cabelos de Sansão, na análise do "Estado de Minas"

Enquanto continua a repercussão de Cabelos de Sansão na imprensa do país (vide crítica acima publicada neste dia 17 no jornal Estado de Minas), os jornais de Pernambuco começam a noticiar o lançamento do CD no próximo dia 27.

A nota abaixo está na edição de 18 de novembro do Jornal do Commercio, na coluna Dia a Dia, de Roberta Jungmann:

"O compositor e publicitário cearense Tiago Araripe lança, dia 27, na Passa Disco, no Parnamirim, o CD Cabelos de Sansão. É uma reedição do LP de mesmo nome, que agora sai pelo selo Saravá, de Zeca Baleiro. Tiago é um dos integrantes da Lira Paulistana, movimento lítero-musical".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Documentário Lira Paulistana em produção

Olhaí uma boa notícia.

Ribamar "Riba" de Castro, cearense que foi sócio do Lira Paulistana e hoje mora em Madrid, está produzindo um documentário sobre aquele que, no final dos anos 70 e início dos 80, foi um espaço de propulsão e renovação cultural na Paulicéia - em especial no que diz respeito à seara musical.

O Lira foi o epicentro do que se convencionou chamar a "vanguarda paulista".

Para que as pessoas possam acompanhar o trabalho de produção, está sendo disponibilizado um blog que mostra o desenvolvimento do making off das gravações,
passo a passo. É só acessar:

Blog Documentário Lira Paulistana.

Nosso Blog é uma das referências utilizadas, e este que vos tecla está entre os convidados do Riba.

Tiago Araripe







Na foto, Riba (primeiro plano) em ação.




terça-feira, 11 de novembro de 2008

Aniversário da Passa Disco

No Recife, muito das melhores produções musicais do Brasil em CD (e, em alguns casos, DVD) passa pela Passa Disco.

É onde tenho me atualizado com a música pernambucana, de Siba à Nação Zumbi, de Lula Queiroga a Lia de Itamaracá, de Silvério Pessoa e Cascabulho a Maciel Melo - isso para citar as aquisições mais recentes, além do Labiata de Lenine.

É onde vou lançar Cabelos de Sansão no próximo dia 27.

Falarei mais a respeito em outro momento. Agora o toque é o aniversário de 5 anos da Passa Disco, que será comemorado neste dia 12 (quarta-feira) em grande estilo.

Como informa Fábio Cabral no blog da loja, haverá "show de Arabiando e Herbert Lucena, com participações de Silvério Pessoa, Geraldo Maia, Josildo sá, Gonzaga Leal e Romero Pernambuco. Antônio Lisboa e Edmilson Ferreira comandam a cantoria".

Tudo isso é gratuito, às 19h, no Shopping Sítio da Trindade, onde está instalada a Passa Disco.

Anote o endereço: Estrada do Encanamento, 480, no bairro de Parnamirim.

Espero encontrar você lá.






Tiago Araripe

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Meg Magia, a letra

A pedido de um leitor do Blog, aí está a letra (e ficha técnica) de mais uma faixa de Cabelos de Sansão. A criação gráfica é de Andrea Pedro.

(Clique na imagem para ampliá-la.)

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Gelo e silêncio










Diante de silêncios
De gelo
Eu me calo
Pelos cotovelos.


Tiago Araripe

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Cabelos de Sansão no Portal Uai, de Minas Gerais

Antes de ser compositor e cantor, Zeca Baleiro é (bom) ouvinte e colecionador de discos. A ponto de enviar pelo correio CDs importantes para jornalistas com muita vontade de criticar e pouca bagagem musical que encontra pelo país. Um dos álbuns preferidos de sua discoteca pessoal sempre foi o LP de Tiago Araripe, comprado numa loja de Niterói, quando ainda era estudante (e duro), atraído pela estranheza da capa. Agora, ele oferece aos mais jovens a chance de conhecer o trabalho de Araripe, primo menos conhecido da vanguarda paulista, capaz de apresentar a versão de Augusto de Campos para Little wing, de Jimi Hendrix, que vale o disco.

Kiko Ferreira

Seção: Música - 14/10/2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O depoimento de Décio Pignatari

1973 foi um ano em que estive bem chegado à MPB. Até hoje me espanto com o pique e empenho de Tiago na criação de peças tão instigantes a partir daquelas letras que eram mais problemas do que poemas inspiracionais. Gosto muito da composição Teu coração bate, o meu apanha, seguido de Drácula. Já Hipopótamo é um nonsense infantil que nem eu entendo. E 1973 foi o ano da capa do "Todosolhos", do Tom Zé, uma bomba relógio em câmera lenta que explodiria trinta anos depois, graças a David Byrne, Tom e a minha míni-equipe de design. Mas é muito bom ver o Tiago Sansão-Canção emergindo do calabouço!

Décio Pignatari

Curitiba, Fevereiro 2008


(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão. As duas composições a que Décio se refere foram feitas a partir de letras dele que me foram apresentadas por Tom Zé. A terceira, que se tornou uma espécie de rumba dançante, me foi apresentada pelo próprio Décio e executada nos primeiros shows do Papa Poluição, em São Paulo. T.A.)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

As impressões de Tetê Espíndola

Nessa época eu era muito amiga da Mônica Araripe, mulher dele. Estávamos sempre juntas e quando ia na casa dela encontrava o Tiago. Lembro que a arte da capa me impressionou, aquela viagem sideral... Pra mim ele sempre foi muito misterioso, charmoso e sua voz com aquele sotaque diferente. Lembro que esse LP na época foi um acontecimento, fazia parte da vanguarda que pairava no Lira Paulistana. O som muito bem produzido com colagens me trazia a lembrança dos Beatles e Janis Joplin. Na época essas colagens era o que ligava o trabalho dele ao meu Pássaros na Garganta. Tinha um cheiro de novo, de esperança. Foi muito bom escutar a minha voz bem mixada nesse trabalho. Esse som tão contemporâneo pros dias de hoje ainda me faz arrepiar.

Tetê Espíndola

(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tiago Araripe, por Tom Zé

Foto: Luana Botelho

Uma arte cuja força sai diretamente dos nervos e persegue a exatidão com obsessiva raiva; transplante em que o dente fica no lugar da flor; ranhura no diamante; se quiser coisa que tal, bipe Tiago Araripe.


Tom Zé


O texto acima foi gentilmente escrito para a divulgação do CD Cabelos de Sansão, a pedido da produção da Saravá Discos.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Com a palavra, José Luiz Penna

Eram anos difíceis, aqueles primeiros dos anos setenta. Ditadura braba. Tinha passado uma temporada repensando a vida. O Hair tinha exaurido o prazer de fazer teatro, e o retorno à música era cada dia mais vital pra mim. Foi quando chegou em casa Tiago Araripe vindo do Crato, via Recife. Devo a ele meu retorno às lides musicais. Aprendi com ele, e ainda aprendo, o prazer pelo lado criativo da vida, através das suas canções e da sua generosidade. Reouvir Tiago é estar mais perto da beleza.

José Luiz Penna

Penna, hoje presidente nacional do Partido Verde, é parceiro musical na faixa Quando a pororoca pegar fogo e formou comigo, Paulo Costa, Xico Carlos, Beto Carrera e Bill Soares o grupo transnordestino Papa Poluição (foto ao lado).

A pedido da produção da Saravá Discos, gentilmente escreveu o texto acima para divulgação de
Cabelos de Sansão.

(T.A.)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Cabelos de Sansão, por Nelson Augusto









Foto: Clarissa Araripe

Nelson Augusto em O Disco da Semana, da Rádio Universitária FM

Tiago Araripe lança Cabelos de Sansão em CD

Na Lira Paulistana, movimento lítero-musical que revelou para a Música Popular Brasileira estrelas do quilate de Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Arrigo Barnabé e o Grupo Rumo, só para citar algumas, também brilhou o cearense do Crato, Tiago Araripe.

Idealizado primeiramente como teatro no final da década de 70, o Lira Paulistana transformou-se em gravadora, editora, produtora, loja de discos e livros e divulgou também durante os anos 80 os trabalhos de artistas da então chamada Vanguarda Paulista.

Dessa troupe participavam, entre outros o Grupo Rumo, Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia, Premeditando o Breque (Premê), Língua de Trapo, Ná Ozzetti, Susana Salles, Eliete Negreiros, Vânia Bastos, Tetê Espíndola, além do próprio Arrigo Barnabé e Banda Sabor de Veneno, os quais fizeram seus primeiros shows em Sampa, no então Teatro Lira Paulistana.

O álbum Cabelos de Sansão foi lançado em 1982 pelo selo Lira Paulistana, que já havia disponibilizado o então elepê de estréia do Nego Dito Beleléu, Itamar Assumpção. No disco Cabelos de Sansão, Tiago Araripe contou com o auxílio luxuoso de mais de trinta artistas da música como Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Vânia Bastos, Turcão, Passoca, Dino Vicente (teclados), Mané Silveira (sax), Cláudio Faria (trumpete), Oswaldinho do Acordeon, entre outros.

Acompanho o trabalho dos cantores, compositores e músicos cearenses desde minha adolescência. Se fosse eleger os três discos mais emblemáticos dessa geração que se lançou, escolheria o álbum Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem, o qual ficou conhecido como o Pessoal do Ceará de Rodger Rogério, o Alucinação de Belchior, ambos da década de 70, e o Cabelos de Sansão de 1982 do Tiago Araripe.

O LP Pessoal do Ceará com sua capa antológica trazendo uma foto do artesanato de renda de bilro e no encarte fotos, textos sobre os artistas da música envolvidos no projeto e as letras de todas as canções. Já o Alucinação, com suas mensagens contestatórias, estampava em suas artes gráficas internas uma nota de dólar com mensagens criativas sobre o tema. O álbum Cabelos de Sansão, a partir da lendária capa, mostrando uma foto de Tiago Araripe montado num leão numa colagem com uma imagem do espaço sideral, também no encarte e na contracapa revelava criação artística revolucionária para os lançamentos da época.

Esses três discos até hoje, na minha concepção, soam atualíssimos pois trazem uma proposta inovadora tanto de música, quanto das mensagens das letras e suas artes gráficas. E nesse último item, vale salientar que os recursos gráficos da época eram muito precários no que se refere às modernas técnicas dos computadores de hoje. Creio que, se fossem disponibilizados hoje, causariam o mesmo impacto da época do lançamento original.

Nelson Augusto
www.nelsons.com.br

Com o texto acima, o radialista Nelson Augusto abriu a noite de lançamento de Cabelos de Sansão em Fortaleza, no dia 22 de setembro de 2008.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Com a palavra, o produtor do vinil de Cabelos...

Wilson Souto Junior, em foto para a contracapa de Cabelos de Sansão.

“Os criminosos sempre voltam ao local do crime” (Tiago Araripe em Cine Cassino).

Quando eu soube da vontade de a Saravá Discos reeditar o LP Cabelos de Sansão em CD, do muito querido Tiago Araripe, depois de longos 26 anos, logo a melodia-refrão desta canção me veio à memória...

Veio também a imagem do Itamar, o Assumpção, entrando no camarim-escritório do Lira Paulistana, dizendo : "Já sei quem será o segundo lançamento do selo, já sei ... vocês têm que escutar o trabalho do Tiago... você tem que produzir o Tiago Araripe". E como era de costume do Negão, não parou mais, até que marquei um encontro com o Tiago e conheci seu trabalho. Impressionou-me. Eram músicas e letras muito próprias, sem tempo ou espaço definido; rock e poesia concreta, do agreste e urbana. Um lindo desafio...

Daí para o estúdio, foi um tempo curto, ajudado pelos músicos que participaram do trabalho e nada cobraram... as despesas de estúdio, capas , fábricas... Bem, essas, nossas boas bilheterias no teatro cobriram.

Adoro o resultado da produção, sua ousadia e modernidade, a voz doce do Araripe e sua suavidade espacial.

A decisão de passar Cabelos de Sansão ao Zeca Baleiro para reeditá-lo pelo seu selo, tendo eu mesmo uma gravadora ativa - Atração Fonográfica -, veio no momento em que vi seu carinho por esse trabalho, como se em sua companhia, depois de tantas estradas que passei, voltasse com emoção ao local do crime .

P.S.: Tiago, continuo com saudade de te ouvir cantar.

Wilson Souto Junior

(O texto acima foi gentilmente escrito para o material de divulgação de Cabelos de Sansão.)