sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Coração automático

A breve discografia do Papa Poluição vai um pouco além. Uma faixa além, para ser mais exato: a composição Coração automático (Penna-Tiago), inserida no compacto Carnaval 78 lançado naquele ano pela RGE. O disco, com seis faixas, extrapola o formato de compacto - que geralmente chegava no máximo a quatro músicas.

Classificada com marcha, Coração automático me parece mais um frevo-canção. A despeito do contexto carnavalesco e do caráter sazonal/descartável do lançamento, a composição é interessante e divertida.

Aqui um trecho da letra:

Teu coração automático / à prova d´água e de choque / faz click quando te vê / Acende a luz da pane / dispara: toc toc / Se dana a correr...

Na gravação, o Papa Poluição tal e qual nas apresentações ao vivo, sem convidados especiais. Conversando há pouco com o Bill Soares no msn, este lembrou de ter tocado o baixo no disco.

Por falar em shows, a discografia do Papa é pouco expressiva diante da ativa trajetória do grupo nos palcos de São Paulo e Nordeste. Todo ano montávamos um espetáculo novo, com composições próprias. A experiência de José Luiz Penna no teatro (ele foi ator, participou da primeira - ou segunda? - montagem do musical Hair) contribuiu muito com o desenvolvimento das performances da banda. As apresentações eram movimentadas, e não raro descíamos do palco para entrevistar/provocar pessoas na platéia.

Uma hora dessas falarei mais a respeito de shows como Mamãe Rádio não toca meu disco e Projeto Blue Cap´s, possivelmente com fotos e textos de releases para ilustrar. É certo que se fossem reunidas, as composições dariam bem mais que um álbum duplo. É certo que algumas histórias do grupo poderão causar boas risadas.

Tiago Araripe

2 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Tiago,

Sobre a trajetória do Papa Poluição, tenho comigo uma "lembrança" que não sei se é real ou fruto da minha então fértil imaginação infantil. Diz respeito a um possível show que o grupo fez no Crato. Tenho ainda as imagens de uma kombi que trouxe o grupo e de um cartaz que citava "Mamãe Rádio não toca meu disco".
É real?

Tiago Araripe disse...

É verdade, Carlos Rafael. Fizemos um tour pelo Nordeste no final de 1977, em dois carros. A kombi, à qual chamávamos de Sofia, era um deles. É onde transportávamos os equipamentos básicos. Fizemos shows em Salvador, Fortaleza (Teatro da Emcetur), Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e João Pessoa (Teatro Santa Rosa). É uma viagem cheia de histórias. O show no Crato foi durante um baile de um conjunto local. O Crato Tênis Clube estava lotadíssimo. Até minha avó e minha tia, velhinhas, estavam lá. Um dia desses vou escrever mais a respeito. Boa lembrança.