segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Independente x Alternativo

Quando Cabelos de Sansão foi lançado em 1982, escrevi um texto para acompanhar o release que o Lira Paulistana preparou para a imprensa. Propunha o reexame do termo independente, tão em voga naquela época. O livro História da Música Independente, de Gil Nuno Vaz, reproduziu o seguinte trecho:

"Independente é um termo incorreto, equivocado, uma atitude de quem quer suprimir o real, reinventando o mundo e imaginando-se viver numa dimensão à parte, alheio e imune ao sistema. Alternativo, termo que eu prefiro, é antes de tudo o zelo pelo lugar que ocupamos, repropondo sem ilusões o novo espaço. Alternativo não por estar à margem das grandes gravadoras, como o termo independente sugere, mas estendendo essa ação à estética, à ética e à ideologia dos projetos. Ao invés de reinventar o mundo, reutilizá-lo. Reaproveitar todos os materiais, seguindo o exemplo da própria natureza, que tudo transforma. Revalorizando uma dimensão do trabalho esquecida pela sociedade capitalista, onde a gente necessita estar continuamente despertando da inconsciência que ela insiste em fabricar".


Tiago Araripe

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