Durante determinado período chamei de Canção Sideral o projeto que teve início com o disco Cabelos de Sansão. Além da faixa título, canções como Coração Cometa, Fios da Light, Estrela-do-Mar e a versão de Augusto de Campos para Little wing (de Jimi Hendrix) apontavam para a minha crescente necessidade de olhar para o alto, além das nuvens e dos aviões. O processo prosseguiu em outras composições, inéditas ainda em disco, e continua até hoje. Mas agora sem rótulo que restrinja ou aprisione.
Quando imaginei o cenário para a capa de Cabelos de Sansão, a primeira imagem que me veio à cabeça foi o espaço sideral. Conversando com o astrônomo Augusto Damineli, vizinho da Vila Madalena, este me apresentou uma série de fotos tiradas de um observatório onde trabalhava. Escolhi a imagem da Nebulosa de Trífida, que curiosamente tem o formato da cara de um leão. Hoje possivelmente eu achasse over a convivência do leão propriamente dito com o leão sugerido pela formação da nebulosa. Mas na época vi como um bom sinal – e um achado. Augusto conseguiu o negativo da foto, que media 30 x 30 cm - maior que a capa do LP. Não consegui encontrar um laboratório com equipamento para processar a imagem. Fui novamente salvo pelo solícito vizinho, que revelou o negativo no observatório em São Paulo.
Na reprodução reduzida da capa do CD, a percepção da imagem da nebulosa quase vai literalmente para o espaço. Mas, com boa vontade, ainda se pode perceber a face da fera. Graças à primorosa direção de arte da designer Andrea Pedro, que integra a equipe de colaboradores da Saravá Discos, a embalagem gráfica do CD acrescenta muito ao projeto visual do velho vinil. Adianto aqui uma foto que ela reproduz no novo encarte.
Na reprodução reduzida da capa do CD, a percepção da imagem da nebulosa quase vai literalmente para o espaço. Mas, com boa vontade, ainda se pode perceber a face da fera. Graças à primorosa direção de arte da designer Andrea Pedro, que integra a equipe de colaboradores da Saravá Discos, a embalagem gráfica do CD acrescenta muito ao projeto visual do velho vinil. Adianto aqui uma foto que ela reproduz no novo encarte.
Tudo isso me fez lembrar uma composição que fiz mais de 30 anos antes da viagem espacial do primeiro astronauta brasileiro, o Major Aviador Marcos Pontes. Se tivesse sido gravada, ele poderia tê-la escutado enquanto flutuava em sua cabine.
Três semanas
No espaço
E dela nem ao menos
Um bilhete ligeiro
Três semanas
Um pedaço
Na vida do primeiro
Astronauta brasileiro.
Tiago Araripe
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