segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sansão e Dalila, o filme

O primeiro filme que assisti na vida foi Sansão e Dalila, superprodução de Cecil B. DeMille com Hedy Lamarr e Victor Mature. A produção americana, de 1949, demorou alguns anos para chegar ao Crato. Eu tinha apenas quatro anos de idade quando me levaram àquela sessão da tarde no Cine Moderno. (Resisto à tentação de dizer que isso aconteceu no Cine Cassino, um dos três cinemas que existiam na cidade e nome de uma das faixas de que mais gosto no Cabelos de Sansão - daria mais charme a este relato.) A experiência foi inesquecível. Fiquei, ao mesmo tempo, fascinado e aterrorizado. Queria correr e queria ficar. Fiquei até o fim. Na cena final, tremi na base e entrei em pânico. Quando Sansão balançou as duas colunas de sustentação e derrubou o palácio do rei, achei que o cinema inteiro estava caindo sobre a minha cabeça. Saí do cinema ainda aos berros.

Algumas imagens permaneceram na minha memória durante anos. Depois, com os adventos do videocassete e do DVD, pude assistir o filme outras vezes e relembrar aquele momento tão impactante que marcou para sempre minha relação com o cinema. Cine Cassino, a música, mostra um pouco isso. A letra utiliza cortes e imagens cinematogáficos, abrindo espaço para a imaginação do ouvinte fazer a sua parte. A composição foi gravada também pelo cantor e compositor cearense Luís Carlos Salatiel. Foi cantada por Zeca Baleiro em barzinhos, antes de ele ser um nome na música brasileira, e em alguns shows do já famoso artista (tive o prazer de cantá-la com ZB em novembro de 2005, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza).

O Cine Cassino, que funcionou durante anos na Praça Siqueira Campos, no quarteirão diante da casa onde nasci na rua Miguel Limaverde, não existe mais: no seu lugar está instalada uma lanchonete. Foram mantidas as características do prédio original. O Cine Moderno também foi para o além. Idem para o Cine Educadora, a casa da Miguel Limaverde e quase todas as casas em que morei no Crato.

Eu continuo vivo, graças a Deus.

Tiago Araripe

2 comentários:

JB disse...

Ae Tiago,
o primeiro filme que assisti na vida foi Branca de neve e os sete anões, na parede da casa do meu vizinho, rodado em um 'moderno" super 8.
era todo em inglês, e eu gostava mesmo de ver os anões se divertindo e cantando 'pra casa agora eu vou".
Branca de neve sempre me fascinou, e eu não conseguia explicar o porque. A imagem daquela mulher rodeada com os sete anões em jardins por mais que pareça brega eu queria pra mim.
acredite, eu fiquei frustrado pq a Branca de neve se recusou a bater foto comigo na disney pra dar prioridade a meia duzia de pivetes barulhentos.
Então um dia eu comentei que não entendia o pq eu gostava tanto daquele filme, e meu tio lembrou que foi o primeiro filme que vi na vida. eu devia ter dois anos no máximo e a imagem veio na minah cabeça, deitado nas almofadas verdes, no também tapete verde, juntamente com meus amigos, enquanto tio ricardo montava o super 8 mirado para a parede. O rolo do filme, a pipoca, e o filme que passava ao menos umas 4 vezes seguidas, voltou firme em minha memória. Meus pais ficavam junto com meus tios na sala, tomando cervejinha, confraternizando, e nós, a pivetaiada encantados com a magia que a disney trouxe de um grande clássico.
é isso, também tenho uma história legal sobre outro ícone pop, mas deixo para uma outra ocasião.
Abraços
JB

Tiago Araripe disse...

Caro João,
O Papa Poluição, grupo transnordestino que integrei em São Paulo de 1975 a 1980, tinha uma composição chamada "Anão de Jardim". Mas aí já é outra história...
Abraço
Tiago