quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cabelos de Sansão, um disco "atemporal e inovador".


Artigos
Lira Paulistana, 30 Anos
Daniel Brazil

Novembro de 79 é o marco histórico de fundação do Lira Paulistana. Beleléu, o disco de estréia de Itamar Assumpção, marcou o início do selo (porque já era um conhecido teatro, espaço cultural, palco de shows e agitos). O porão da Praça Benedito Calixto marcou uma espécie de Renascença da música paulista, abrindo espaço para vários estilos.

Final de ditadura, fim dos movimentos organizados em torno de uma militância estética. O leque se abria, em várias direções. Tinha a música experimental de Arrigo, que nunca tocou no Lira, mas cujo baixista era Itamar. As cantoras Ná Ozetti, Cida Moreira, Vânia Bastos, Eliete Negreiros, Suzana Sales, Neuza Pinheiro, Tetê Espíndola e Virginia Rosa passaram por lá, colorindo ainda mais a paleta de estilos. Tiago Araripe (Cabelos de Sansão) fazia um pós-tropicalismo com uma nova poética, que viria influenciar gente como Zeca Baleiro. Tanto é que o maranhense fez questão de relançar o “Cabelos” em CD, pelo seu Saravá Discos (2009). Aliás, um disco que merece ser (re)descoberto e (re)ouvido, atemporal e inovador.

Tinha o humor escrachado do Língua de Trapo. Tinha o Premê, com um lado musical mais desenvolvido. O grupo Rumo, com um lado mais intelectual de pesquisa musical, seja estudando os antigos, seja construindo uma nova forma de canto falado. O mentor Luiz Tatit, a musa Ná Ozetti, e os talentosos músicos que iriam criar posteriormente os mais consistentes trabalhos na área da música infantil, como Paulo Tatit (Palavra Cantada) e Hélio Ziskind (Meu Pé, Meu Querido Pé).

E teve a viola de Passoca, os sons valeparaibanos do Grupo Paranga, o rock dos primeiros integrantes dos Titãs e UItraje a Rigor. Até o Ira! passou por aquele palco, assim como os Inocentes, pioneiros punk de Sampa. E tinha o instrumental do Pau Brasil, do Nelson Ayres, o piano de Amilson Godoy, o trombonista Bocato, o percussionista Zé Eduardo Nazário, o multi Skowa, os latinos Raíces de America, as cordas do Duofel.

Um dos fundadores do Lira, Riba de Castro, está finalizando um documentário sobre este redemoinho musical que marcou a música dos anos 80 e influencia até hoje um monte de gente pelo Brasil. São dezenas de entrevistas com músicos, produtores, jornalistas, críticos e os ex-sócios da empreitada. Não sei como Riba dará conta de resumir tudo, mas certamente vem aí um dos mais importantes documentos da moderna música popular brasileira. Quem viver, verá. Quem viveu, reverá!

3 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Tiago,

Finalmente enviei a encomenda que tinha lhe prometido "há anos". Deve tá chegando...

Amanhã o programa Cariri Encantado veiculará Rala Coco. Se puder ouvir, acesse o endereço:

cratinho.blogspot.com.

Grande abraço e um Natal repleto de Paz, Saúde e Felicidade.

Tiago Araripe disse...

beleza, carlos rafael. ouvirei/verei com atenção e darei retorno.
estou participando de um projeto bem interessante: 16 releituras musicais de composições do repertório de jacinto silva, forrozeiro dos bons. participações de nomes como margareth menezes, xangai, tom zé, elba ramalho, silvério pessoa... este que vos tecla canta uma faixa. está indo para a fábrica, já. darei mais notícias.
grande abraço, e que neste natal você e sua família tenham a paz que gere saúde e alegria por todo o ano novo.

Anônimo disse...

parabens pelo blog...
Na musica country VIRGINIA DE MAURO a LULLY de BETO CARRERO vem fazendo o maior sucesso com seu CD MUNDO ENCANTADO em homenagem ao Parque Temático em PENHA/SC. Asssistam no YOUTUBE sessão TRAPINHASTUBE, musicas como: CAVALEIRO DA VITÓRIA, MEU PADRINHO BETO CARRERO, ENTRE OUTRAS...
é o sonho eterno de BETO CARRERO e a mão de DEUS.