De um lado, o lançamento do meu disco “Cabelos de Sansão” em versão CD pela Saravá Discos. Do outro, a gravação para o documentário que está sendo produzido tendo em vista o aniversário de 30 anos do nascimento do Lira Paulistana. Na matriz de ambos os eventos, o movimento que impulsionou a música (e a cultura, de forma mais ampla) na Paulicéia do início dos anos 80, deflagrado pelo punhado de idealistas que fundou o Lira: Wilson Souto, Chico Pardal, Plínio Chaves, Fernando Alexandre, Riba de Castro. (”Cabelos” é o segundo disco lançado pelo Lira Paulistana, depois de “Beleléu” de Itamar Assumpção.)
E eis que volto à cena mais de duas décadas depois, como que assistindo a um filme fragmentado de tantas coisas que vivi em São Paulo, onde o capítulo Lira Paulistana é não apenas especial, como parece se reescrever ou reeditar. Reencontrar Riba, Wilson e Chico Pardal no mesmo ambiente em que revi músicos que participaram do “Cabelos de Sansão” - Cid Campos, Felipe Avila, Felipe Vagner, o parceiro José Luiz Penna, Passoca… - foi como voltar no tempo para ver o quanto o Lira estava à frente.
O trabalho de Zeca Baleiro, que redescobriu e relançou “Cabelos”, me soa como um dos sinais virtuais desse Lira que avançou além de sua época e que parece se recriar na Saravá Discos e onde houver indício de alternativas para quem busca trabalhar por uma produção cultural digna e não repetitiva. O Lira Paulistana ergueu pontes e transpôs barreiras geográficas, misturando no mesmo caldeirão de São Paulo artistas de diferentes Estados, variadas tendências e a mesma procura de espaço qualificado para expressar suas respectivas propostas.
O cearense que vos tecla sente-se honrado de fazer parte dessa história.
Tiago Araripe
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